A confirmação pela Amazon de que estendeu seu serviço de vídeo pela internet "para o Brasil e mais de 200 países", na quarta (14), torna global a concorrência com a Netflix.
A assinatura mensal no país será de R$ 19,90, quando terminar a promoção de lançamento com valores pela metade do preço. Serão os mesmos R$ 19,90 da Netflix.
O discurso de ambas –e generalizado entre as gigantes monopolistas de tecnologia– é que trabalham de olho no consumidor, não no concorrente. Mas agora o conflito é aberto, e o consumidor é quem deve ganhar, de fato.
No mercado americano, origem de ambas, o avanço da Amazon Prime Video conteve o crescimento da Netflix e resultou numa guerra de produção de séries de qualidade.
O Globo de Ouro de séries (drama e comédia) trouxe duas indicações para cada uma. Junto à HBO, com três, respondem por 70% das séries de maior qualidade nos EUA, deixando para trás as produções de TV aberta e paga.
A HBO, originalmente TV paga, passou a investir em vídeo pela internet. No Brasil, começou a testar o mercado também em dezembro, oferecendo acesso on-line por R$ 34,90 por mês.
Mais importante, ao anunciar semanas atrás a oferta de compra da Time Warner, que controla a HBO, a tele AT&T explicitou que seu objetivo é criar um serviço capaz de concorrer com a Netflix.
O presidente da AT&T afirmou que o serviço –com o nome de HBO Go ou outro– reuniria as produções da HBO e do maior estúdio americano, Warner, para compensar o declínio de sua operação de TV paga, a DirecTV.
O Brasil foi o campo de testes desta expansão global do vídeo pela internet. Cinco anos atrás, foi o primeiro "mercado internacional" da Netflix, que demorou para se estabelecer e tirou várias lições.
Em entrevista à Folha, seu presidente admitiu entraves iniciais com o sistema de assinatura e com o catálogo. Por outro lado, sublinhou o resultado das produções regionais, como "Narcos".
A Amazon, ao iniciar expansão, vai pelo mesmo caminho. Seu vice-presidente de vídeo fez o anúncio de quarta (14) na Índia, junto com a compra de conteúdo de Bollywood –e a indicação de produção local própria.
Correndo por fora, o Grupo Globo fez sua primeira incursão em vídeo pela internet com assinatura barata, R$ 14,90, há um ano. Mas o serviço Globo Play ainda está limitado pelo vínculo com a TV aberta.
O máximo que se permitiu até agora foi adiantar via internet séries que vão passar depois na rede, como "SuperMax". A quase totalidade do que oferece é reprodução do que já foi ao ar, como telenovelas.
Em entrevista à Folha, o presidente da Globosat, programadora do grupo, confirmou o lançamento do Telecine Play como serviço com assinatura on-line, mais barata, e produções de estúdios como Paramount e Fox.
A tendência é que venha a concorrer não só com as já estabelecidas Netflix e Amazon, mas sobretudo com a HBO Go/Warner, em catálogo de filmes e também no custo da mensalidade.