Nem mesmo bom elenco livra o desvirtuado 'O Amor no Divã'

Por vezes, nem um bom elenco pode salvar um filme. É o que acontece com "O Amor no Divã". Dirigido por Alexandre Reinecke e roteirizado por Juliana Rosenthal K., o filme exemplifica involuntariamente a tese de Paulo Emílio Salles Gomes de que o cinema brasileiro tem incapacidade criativa de copiar.

Roberta (Fernanda Paes Leme) e Miguel (Paulo Vilhena) não se entendem de forma alguma. Seja nas conversas pós-trabalho ou sob os lençóis, vivem em desacordo permanente, mesmo sabendo que ainda se amam. Ela é intelectual e sofisticada, ele prefere exercitar o corpo ao cérebro.

	Divulgação
	Paulo Vilhena e Fernanda Paes Leme em cena da comédia romântica

Ambos procuram a terapeuta de casais Malka Stein (Zezé Polessa). Mas esta não tem condições de ajudá-los, pois seu casamento de quase 30 anos com José (Daniel Dantas) afunda-se na monotonia.

O modelo é a comédia romântica Hollywoodiana. Mas é desvirtuado pela nossa tradição na teledramaturgia, e não avança um passo sequer na direção de uma preocupação estética cinematográfica.

A produção é mais modesta que as comédias da Globo, o que provoca inicialmente certa simpatia. Torcemos para que tudo se encaminhe de modo a nos entreter, algo que, na média, as comédias americanas conseguem fazer.

Conforme os conflitos dramáticos se sucedem, e com eles surgem as mais óbvias soluções harmonizadoras, vamos nos acostumando a adivinhar cada passo da trama.

A resolução de todos os conflitos dramáticos num passe de mágica não é exatamente um problema. Se o fosse, seriam raras as comédias românticas que prestassem. O problema existe quando as soluções são banais, simplificadoras do comportamento humano e suas contradições.

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O AMOR NO DIVÃ
DIREÇÃO Alexandre Reinecke
ELENCO Zezé Polessa, Daniel Dantas, Paulo Vilhena e Fernanda Paes Leme
PRODUÇÃO Brasil, 2016, 12 anos
QUANDO: em cartaz