Folha de S. Paulo


DiCaprio e ex-assessor de Putin podem ir ao Oscar com filmes sobre marfim

O galã de Hollywood e ativista do meio ambiente Leonardo DiCaprio pode tentar outro Oscar tendo diante dele um improvável rival: um ex-assessor sênior do presidente russo, Vladimir Putin.

Críticos apostam em "The Ivory Game", de DiCaprio, sobre o comércio ilegal de marfim na África, para o Oscar na categoria de Melhor Documentário, ao lado de um filme sobre o mesmo tema de Sergey Yastrzhembsky, mais conhecido porta-voz do Kremlin no Ocidente por mais de uma década. Ambos os filmes estão entre os que disputam uma vaga na categoria – as indicações serão anunciadas em 24 de janeiro.

O ex-diplomata de cabelos grisalhos passou a maior parte de sua vida profissional desviando críticas da mídia como porta-voz de Putin na Tchetchênia e enviado especial a Bruxelas, e antes, como porta-voz do Kremlin sob o falecido Boris Yeltsin.

Lucas Jackson/Reuters
FILE PHOTO - Leonardo DiCaprio, nominated for Best Actor for his role in 'The Revenant', wearing a Giorgio Armani tuxedo, arrives at the 88th Academy Awards in Hollywood, California February 28, 2016. REUTERS/Lucas Jackson/File Photo REUTERS PICTURES OF THE YEAR 2016 - SEARCH 'POY 2016' TO FIND ALL IMAGES ORG XMIT: POY001
Leonardo DiCaprio chega à cerimônia do Oscar em fevereiro deste ano

Agora Yastrzhembsky está tentando causar uma agitação com "Ivory - A Crime Story", que nomeia e acusa os maiores compradores de marfim no mundo, como a China, o Vaticano e monges budistas na Tailândia.

Ele destaca como a população de elefantes na África caiu de 1,5 milhão para menos de 500 mil nos últimos 30 anos e que a cada 15 minutos um elefante é abatido por caçadores em busca de marfim. O preço do marfim subiu para 3 mil dólares o quilo, comparado a 6 dólares 35 anos atrás, de acordo com o documentário.

Se nada for feito, conservacionistas dizem que os elefantes africanos podem ser extintos na natureza dentro de uma geração.

"Nós podemos apenas esperar que esse filme fará o mundo prestar mais atenção a esta triste situação dos elefantes na África", disse Yastrzhembsky à Reuters em entrevista em Paris.

Seu documentário, que levou três anos e custou 1 milhão de dólares para ser realizado, venceu prêmios neste ano nos festivais de cinema de Montreal, Roma e Nova York. Cenas fortes incluem a de um elefante sendo morto e depois gemendo ao ser cortado em pedaços pelos caçadores.

Yastrzhembsky afirmou que o papa Francisco viu uma versão mais curta de seu filme antes de falar publicamente em Nairóbi contra a caça ilegal de marfim no Quênia.


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