Folha de S. Paulo


Crítica

Religião e feminismo andam juntos em documentário sensível

Por que, para tantas pessoas, Maria tem uma importância tão grande?

A pergunta mobilizou a diretora Joana Mariani a percorrer cinco países da América Latina em busca dos significados, dos valores e dos símbolos que estão por trás da figura de Nossa Senhora.

O resultado dessa investigação –que não traz uma resposta, e sim diversas perspectivas a respeito do tema– pode ser apreciado no sensível documentário "Marias - A Fé no Feminino", que entra em cartaz nos cinemas a partir desta quinta (17).

Divulgação
Cena de 'Marias'; cineasta viajou em busca dos símbolos por trás da figura da mãe de Jesus
Cena de 'Marias'; cineasta viajou em busca dos símbolos por trás da figura da mãe de Jesus

Muito além da religião, este é um filme sobre a mulher; uma jornada pelo poder do feminino atrelado à imagem da santa e reverenciado em culturas latinas através das festas marianas.

Embaladas por uma fotografia apurada e por uma trilha sonora marcante, vozes do Brasil, Cuba, Peru, México e Nicarágua ajudam a desenhar boa parte da simbologia que envolve a Virgem Maria.

"Xarás" da padroeira trazem histórias de fé que explicam os motivos de sua crença.

Aí está uma das grandes sacadas do documentário: nada de lenga-lenga religiosa. Escolhidas a dedo, as narrativas são, sobretudo, humanas, cheias de questionamentos e incertezas. E, mais do que explorar a relação com a fé, elas lançam um olhar feminista acerca do papel da santa na sociedade.

Cada fala e cada imagem compõem um mosaico que convida o espectador a entender quem é Maria, afinal.

No México, na Nicarágua ou no Brasil, ela é mãe, é trabalhadora, é autônoma, é salvadora, é plural, é força, é união, é amor. Marias são muitas e, ao mesmo tempo, uma só. Somos todas Marias e Maria é todas nós.

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MARIAS - A FÉ NO FEMININO
DIREÇÃO Joana Mariani
PRODUÇÃO Brasil, 2016, livre
QUANDO: estreia nesta quinta (17)


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