Folha de S. Paulo


Antonio Meneses retorna ao Brasil com orquestra portuguesa Gulbenkian

Antonio Meneses foge ao drama. Fala com tranquilidade sobre um novo tumor, agora na perna, após superar o primeiro, no pulso, que o afastou temporariamente da música em 2010, e do fardo de ser um dos melhores violoncelistas do mundo. "Na verdade, é até uma coisa boa porque te obriga a manter o nível, ao menos isso, se não a sempre melhorar cada vez mais", diz.

Também diz não se intimidar diante da complexidade técnica de algumas peças que compõem seu repertório. "A dificuldade, a princípio, está na mente da pessoa, não necessariamente na obra em si", diz, fazendo a ressalva de que toda apresentação ao vivo tem seus desafios. "Conforme a gente vai crescendo musicalmente, vai sempre descobrindo novas coisas a aprender."

Divulgação
Música Erudita: o violoncelista Antonio Meneses em cena do documentário
O violoncelista Antonio Meneses em cena do documentário 'Antonio Meneses - A Câmera e o Violoncelo'

Para executar como solista em apresentações na Sala São Paulo, nesta segunda (7) e nesta terça (8), ele escolheu duas composições, uma para cada concerto que realiza com a orquestra portuguesa Gulbenkian, marcando o encerramento da temporada anual da associação Cultura Artística.

No primeiro dia, apresenta "Concerto para Violoncelo", do compositor francês Édouard Lalo (1823-1892), obra que é permeada pelo folclore espanhol e que já foi uma espécie de cavalo de batalha de grandes músicos franceses no passado. Na noite seguinte, exibe tecnicidade ao executar "Concerto para Violoncelo n. 1", do russo Dmitri Shostakovich (1906-1975).

Nas ocasiões, ele reencontra a orquestra com a qual já tocou por vezes nas últimas três décadas, como em sua passagem mais recente por Lisboa, na semana passada. "Tem muitos músicos que reconheço e que estão ficando cada vez mais velhos comigo", diz ele, que se recusa a ser chamado de senhor e que atribui o novo tumor, novamente benigno, à idade. "Vou ficando velho e isso vai acontecendo", diz, rindo.

Antonio Meneses e Orquestra Gulbenkian

CONTEMPORÂNEA

O programa se completa com composições do português Pedro Amaral (1972) e do checo Antonín Dvorák (1841-1904), na segunda, e do austríaco Franz Schubert (1797-1828) e do alemão Felix Mendelssohn (1809-1847), na terça.

"Queríamos mostrar a criatividade que está presente no país da Gulbenkian, por isso incluímos essa obra do Amaral, um dos maiores compositores do momento", explica o maestro norte-americano Lawrence Foster, que conduzirá a orquestra. "É uma peça genuinamente substancial, forte, que possivelmente impõe uma grande dificuldade ao ouvinte e aos músicos".

O regente optou pela diversidade por não acreditar em repertórios dedicados exclusivamente a obras contemporâneas. "Acho que qualquer composição atual deveria se sustentar entre os grandes trabalhos do passado", diz.

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ORQUESTRA GULBENKIAN E ANTONIO MENESES
QUANDO: Seg. (7) e ter. (8), às 21h
ONDE: Sala São Paulo, praça Júlio Prestes, 16, tel. (11) 3367-9500
QUANTO: De R$ 50 a R$ 390
CLASSIFICAÇÃO: livre


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