Folha de S. Paulo


Idealizador Nuno Ramos é terceiro a ler lista de mortos no Carandiru

No fim da tarde desta terça, depois do dramaturgo Zé Celso e do escritor Ferréz, Nuno Ramos foi o terceiro a ler os nomes dos 111 assassinados na chacina do Carandiru.

Idealizador do ato, Ramos havia criado uma grande instalação um mês depois do massacre em 1992. Ele retomou o assunto agora, mais de duas décadas depois do episódio, com uma vigília-performance transmitida ao vivo pela internet.

O artista plástico leu os nomes dos mortos por policiais militares alternando ritmos e tons de voz. Muito devagar, às vezes emendando um nome no outro, o artista transformava a pronúncia do nome de cada vítima numa longa espera.

Ele também embaralhou muitos dos nomes, fazendo com todos parecessem pertencer à mesma pessoa.

"Não sou ator, nunca passei por isso, mas tem essa estranheza, tem a ver com arte", disse Ramos. "Faz sentido pensar que a violência entre nós só existe porque é anônima. Há uma coisa doida entre nós, que é a naturalização da violência baseada num índice zero de cidadania."


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