Folha de S. Paulo


Warpaint e M.I.A. mostram força feminina no Pitchfork Festival Paris

A última noite da edição 2016 do Pitchfork Festival Paris foi marcada pelo empoderamento feminino.

O quarteto californiano de garotas Warpaint mostrou um dos shows mais coesos de sua carreira de quase dez anos e três álbuns lançados, curiosamente depois que soltaram o melhor deles, "Heads Up", que saiu no fim de agosto junto com entrevistas que revelaram uma quase separação da banda.

Ao vivo, como foi o caso do show de sábado no Pitchfork Festival, o Warpaint perpassou toda sua trajetória, do dream pop viajante influenciado pelos tempos de relacionamentos produtivos com o guitarrista John Frusciante (Red Hot Chili Peppers), no início da carreira, até o seguro power pop de agora, na fase adulta, mesmo sem perder essa amarra de viagem musical.

Macarena Lobos/Folhapress
ORG XMIT: 451901_0.tif Música: a cantora M.I.A durante apresentação no Tim Festival, no Rio de Janeiro (RJ). (Rio de Janeiro (RJ), 23.10.2005. Foto de Macarena Lobos/Folhapress)
A cantora M.I.A durante apresentação no Tim Festival, no Rio de Janeiro, em 2005

O Warpaint sabe mexer com climas. Outra das bandas que souberam mexer muito bem com o azul e o rosa das luzes que tingiram a maioria dos shows do festival francês importado de Chicago, o grupo americano espalhou psicodelia pelo Grande Halle de la Villette mesmo em canções cantaroláveis de sua nova fase.

Até que, não demorou muito, para o festival receber no palco a atração principal da noite e de todo o festival, a rapper "guerrilheira" inglesa M.I.A. E a paz colorida das Warpaint deu lugar a uma violência estética e sonora. Seja em entrevistas, seja em sua música, a cantora que acumula funções como cineasta, ativista, produtora de discos, artista visual, modelo e fotógrafa de origem tâmil que sempre abriu fogo contra todo mundo. Da CIA à política de refugiados, do Google à Beyoncé. Desde o começo dos anos 2000.

E entrou em cena no Pitchfork meio camuflada, algo fashion, dentro de um pesado casaco gigante cor de terra, dizendo: "Paris, quanto tempo... Muita coisa aconteceu aqui desde a última vez que me apresentei na cidade". É preciso muito desapego do noticiário do último ano para não entender o que ela quis dizer.

E o resto foi um habitual descarrego de hip-hop, raiva, electropunk, contundência e dance music quebrando por uma hora e por completo o clima cool e viajante do Pitchfork Festival Paris, fazendo o festival botar um pouco os pés no chão.

O jornalista Lúcio Ribeiro viaja pela Europa à convite da Air France.


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