Folha de S. Paulo


Elza Soares celebra vinil do premiado álbum 'A Mulher do Fim do Mundo'

Apenas ao gravar o 34º álbum, em seus 60 anos de carreira, Elza Soares conseguiu lançar um disco só com canções inéditas, feitas para ela. Esse trabalho, "A Mulher do Fim do Mundo", se transformou no mais premiado da cantora, e é ele que motiva três shows, a partir desta quinta (27), em São Paulo.

Um ano depois de ser lançado e entrar em praticamente todas as listas de melhores da temporada, "A Mulher do Fim do Mundo" ganha agora edição em vinil, festejada no show. "É o formato mais charmoso", diz Elza à Folha. Ela não titubeia ao responder se, ao concluir a gravação do álbum, teve a certeza de que o disco iria fazer sucesso.

"Não tinha noção do tamanho da repercussão, mas sabia que tinha feito uma coisa muito boa. Sabe que ele não toca nas rádios, né? Não sei a razão. Que disco! Que letras!"

Mas a unanimidade a surpreende. "Pensei que alguns iriam gostar, outros não, mas deveria ser um trabalho premiado. E eu me enganei, caiu na boca do povo maravilhosamente."

Steph Munnier/Divulgação
A veterana Elza Soares
A veterana Elza Soares

O disco uniu Elza a músicos da cena paulistana recente, com produção de Guilherme Kastrup. Ele vai acompanhá-la nos shows, num time que traz também Marcelo Cabral, Rodrigo Campos, Kiko Dinucci, Romulo Fróes e Felipe Roseno.

Segundo fontes diferentes, Elza tem entre 75 e 79 anos –ela não revela a idade. Mas o público nas suas apresentações é cada vez mais jovem. "A garotada não está dormindo no ponto, é uma geração muito inteligente."

Para ela, a acolhida jovem passa pela sonoridade, que inclui guitarras e DJ, e pelas letras engajadas. Politizada em toda a carreira, Elza canta sobre violência doméstica ("Maria da Vila Matilde") e questões de gênero ("Benedita"). "Mensagens claras, só canto músicas assim."

Os compositores requisitados pelo produtor forneceram 50 músicas para o trabalho, e 11 acabaram entrando na edição final. Outras canções dessa safra devem ser gravadas futuramente por Elza. "Eu pretendo dar continuidade, se Deus permitir, já que a coisa foi tão boa."

"Ainda não posso brincar muito com a coluna", diz, ao contar que segue fazendo shows sentada, por orientação médica. "Não me esforço para cantar, isso é tranquilo."

"Não penso em parar a carreira. Lógico que um dia vou ter de me preocupar com isso, mas ainda não bateu", afirma. "Eu coloco nas mãos de Deus. Sou devota de São Jorge e Nossa Senhora Aparecida. Acredito muito na proteção desses dois."

ELZA SOARES
QUANDO quinta (27), sexta (28) e sábado (29), às 21h
ONDE Sesc Pinheiros, r. Pais Leme, 195, tel. (11) 3095-9400
QUANTO de R$ 18 a R$ 60
CLASSIFICAÇÃO 10 anos


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