Folha de S. Paulo


Reflexão sobre mortalidade marca fim da temporada anual do Mozarteum

A mortalidade humana é tema central das apresentações que realizam o Coro da Rádio de Berlim e a Orquestra Arte del Mondo nesta segunda (24) e nesta terça (25), na Sala São Paulo. Os concertos encerram a temporada anual da associação cultural Mozarteum Brasileiro.

A seleção com obras dos compositores germânicos Johannes Brahms (1833-1897), Richard Strauss (1864-1949), Gustav Mahler (1860-1911) e Wolfgang A. Mozart (1756-1791) abordam a questão sob perspectivas complementares.

No primeiro dia, o programa contempla "Um Réquiem Alemão", de Brahms. Já no segundo, outra missa fúnebre, desta vez a de Mozart, encerra a apresentação após a execução das versões para coro à capela de "Der Abend", de Strauss, e do adagietto da "Sinfonia nº 5", de Mahler.

Jonas Holthaus/Divulgação
O Coro da Rádio de Berlim, que realiza duas apresentações na Sala São Paulo
O Coro da Rádio de Berlim, que realiza duas apresentações na Sala São Paulo

O regente e diretor artístico do coro, o holandês Gijs Leenaars, 38, compara, em entrevista à Folha, os dois réquiens que dão o tom do programa. Ele explica que a obra de Mozart tem uma forma mais convencional e é centrada na concessão ao falecido da paz eterna no paraíso, enquanto a de Brahms tenta confortar os que ainda estão vivos e sofrem com a perda.

"Ambas as peças encontram forte ressonância nas plateias, porque seus temas centrais são tão universais, e eles são comunicados com o instrumento mais universal da humanidade: a voz", diz Leenaars.

Cada missa fúnebre apresenta uma dificuldade à formação coral. Para o regente, a de Mozart requer encontrar uma narrativa convincente que una por meio de ritmo e tom os curtos episódios da obra em um todo orgânico.

No caso de Brahms, Leenaars evidencia a busca por uma "expressão romântica" correta, além do planejamento em termos de energia. "Após uma hora de canto intensivo, eles ainda têm que estar frescos o suficiente para fazer o sétimo movimento, que é vocalmente demandante", explica.

No entanto, é justamente da obra de Brahms que espera-se domínio do coro. Em turnê ao redor do mundo, ficou conhecida sua versão cênica para o réquiem, conduzida por Jochen Sandig, em colaboração com a coreógrafa Sasha Waltz e seu grupo de dança.

Ao público brasileiro resta se contentar com a versão convencional da missa. "Porque os cantores têm essa versão cênica da peça em seu repertório, todos têm muitas imagens vívidas em suas cabeças quando cantam essa música", diz o regente. "Isso e o fato de que eles cantam as canções de memória criam um potencial fantástico para se comunicar com a plateia".

Com 91 anos de existência, o Coro já venceu três prêmios Grammy e realiza cerca de 60 concertos por ano. Em sua passagem por São Paulo, seus 63 cantores são ladeados pelos 53 músicos da orquestra conterrânea.

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CORO DA RÁDIO DE BERLIM E ARTE DEL MONDO
QUANDO: Seg. (24) e ter. (25), às 21h
ONDE: Sala São Paulo, praça Júlio Prestes, 16, tel. (11) 3367-9500
QUANTO: De R$ 160 a R$ 250 p/ ingressorapido.com.br


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