Quer coisa mais clichê num filme de terror do que uma garotinha linda, loira, de olhos claros, rosto angelical, possuída por espíritos? Em "Ouija - A Origem do Mal", a fórmula é usada na tentativa de repetir o sucesso de bilheteria no primeiro longa da série.
Embora tenha apanhado da crítica, "Ouija - O Jogo dos Espíritos" (2014) arrecadou cerca de US$ 100 milhões. Mas o enredo e os personagens fracos não deixaram heranças suficientes para a sequência.
A saída, então, foi começar do zero e criar uma história sem ligação com a anterior –exceto pela casa mal-assombrada e o tabuleiro que permite a comunicação com o além.
Tudo mudou também nos bastidores. A direção foi assumida por Mike Flanagan, elogiado por "O Sono da Morte" (2016) e "O Espelho" (2013).
Divulgação | ||
Cena de "Ouija - A Origem do Mal" |
As mudanças até surtiram efeito. Menos barulho, menos sustos óbvios e uma trama um pouco mais inteligente que a antecessora. Ainda assim, não sai do arroz com feijão.
Após a morte do marido, Alice Zander (Elizabeth Reaser) se transforma numa vidente charlatã para sustentar as filhas Lina (Annalise Basso) e Doris (Lulu Wilson).
A farsa, porém, começa a ficar séria quando a viúva compra o tabuleiro diabólico, e Doris tenta contato com o falecido pai. A garota acaba evocando criaturas malignas, que a possuem.
E aí, é aquela história: olhos virados, expressões sinistras, levitação, bocas arreganhadas, mortes macabras.
Além de demorar para mostrar a que veio, o longo perde a chance de ser original e vira um primo distante –e menos assustador– de "Poltergeist" (1982) e "O Exorcista" (1973).
De qualquer forma, vale a atuação de Lulu Wilson. A menina alterna as versões angelical e demoníaca com uma desenvoltura espantosa para seus 11 anos. Um dos (raros) pontos altos do filme.