Folha de S. Paulo


CRÍTICA

Apesar de começo promissor, 'O Contador' derrapa em hipocrisia

trailer

Ao apresentar várias histórias que cedo ou tarde confluem para Chris Wolff (Ben Affleck), o contador do título, o thriller começa de maneira promissora. O personagem é construído gradativamente, assim como o sólido suspense em torno dele.

Chris é autista, extremamente dotado para lidar com números e incompetente para tratar com pessoas. Por meio de vários flashbacks, ficamos conhecendo as tribulações de sua infância, marcada pelo abandono da mãe e pelo tratamento duro que recebeu do pai, que o obrigou a aprender artes marciais.

Chuck Zlotnick/Warner Bros. Pictures/ASSOCIATED PRESS
In this image released by Warner Bros. Pictures, Ben Affleck appears in a scene from
Ben Affleck como Chris Wolff em cena de "O Contador"

Por trás de uma aparência comum, Chris trabalha lavando dinheiro para várias organizações mafiosas. Quando o Tesouro dos EUA começa a seguir seu rastro, ele aceita atuar numa empresa legal, com a missão de detalhar um milionário desvio de fundos identificado por Dana Cummings (Anna Kendrick). Não demora muito para o contador ser caçado e seu misterioso grupo de assassinos de aluguel.

Ali a narrativa desanda, bifurcando-se numa longuíssima cena espalhafatosa e cheia de tiros, e um arremedo de melodrama enxertado por novos flashbacks sobre o passado doloroso do personagem e pela relação deste com Dana, muito mal trabalhada.

Para piorar, quando Chris enfrenta seus oponentes ele se aproxima mais do super-herói. O autismo lhe confere poderes especiais, pois ele se revela uma perfeita máquina de matar, conjetura tão extravagante quanto hipócrita que o filme abraça sem hesitar. (

O CONTADOR (The Accountant)
DIREÇÃO Gavin O'Connor
ELENCO Ben Affleck, Anna Kendrick e Jon Bernthal
PRODUÇÃO EUA, 2016, 14 anos
QUANDO estreia nesta quinta (20)


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