Folha de S. Paulo


'Cheguei a dizer à Band que iria me aposentar', afirma Boris Casoy

Boris Casoy, 75, pretende se "reintegrar à vida". Nos oito anos em que esteve na Band, à frente do "Jornal da Noite" (da 0h30 à 1h15), deixou de ir a festas, jantares e ao teatro. "As pessoas nem me convidavam mais. Estou fora de todos os caderninhos." Agora, poderá retomar os hábitos: estreia nesta segunda (17) como âncora do "RedeTV! News", às 19h15.

O horário definiu a mudança, anunciada em 28 de setembro. "Saía do jornal, em média, às 2h30. E levantava às 11h. Tinha a sensação de que não saía a semana inteira da Band. Cheguei a conversar na emissora que iria me aposentar. Aí surgiu essa proposta."

Mudou de casa por um ordenado que diz ser "semelhante", mas não revela quanto. "Podiam me oferecer dinheiro [na Band], mas não era o problema, era o horário. E não havia espaço [no canal] que justificasse meu salário."

Adriano Vizoni/Folhapress
O jornalista Boris Casoy em entrevista nos estúdios da RedeTV!, em Osasco, na sexta (14)
O jornalista Boris Casoy em entrevista nos estúdios da RedeTV!, em Osasco, na sexta (14)

Casoy é a maior contratação do jornalismo da RedeTV! num momento em que a direção da emissora trabalha para dar musculatura ao gênero e para sepultar o fantasma de 2012, quando deixou de pagar seus funcionários.

Em 2015, o canal deu uma cartada ao escalar Mariana Godoy, egressa da GloboNews, para um programa de entrevistas nas noites de sexta. A longo prazo, a ideia é recuperar a faixa das 17h às 19h para um novo jornalístico, comandado por um nome relevante, ainda em estudo.

O objetivo é melhorar a entrega de audiência para o "RedeTV! News" nesse horário em que o canal atualmente dá "traço". Em junho, o espaço foi vendido para a Universal e, além da igreja, para um concessionário de jogos de caça-palavras, numa decisão do departamento comercial para fechar as contas neste ano.

Godoy e Casoy são uma aposta para dar credibilidade e prestígio à casa, que acaba de fechar com Salete Lemos como comentarista de economia no "RedeTV! News".

"Queremos que cada bordão do Boris [famoso por "isto é uma vergonha" e "é preciso passar o Brasil a limpo"] repercuta. Que as pessoas liguem a TV pensando: 'Vai começar o jornal do Boris'", diz Franz Vacek, superintendente de jornalismo e esportes.

A emissora se adequou ao veterano: trocou toda a tecnologia de teleprompters, que antes reproduzia os textos somente em letras maiúsculas, para outro sistema que agora exibe o roteiro com minúsculas e maiúsculas, ao qual Casoy estava acostumado.

E o veterano, à nova casa: ele apresenta telejornais desde 1988, mas gravou uma série de testes da atração com a nova colega de bancada, Amanda Klein.

Estrear no telejornalismo com o "TJ Brasil" (SBT) foi difícil para Casoy, que "estava muito nervoso". "Na época, usar óculos já era um senão. Os padrões estéticos eram outros. Não sou um padrão estético daquela época –não posso dizer que sou agora. Eu era a anti-imagem."

Nas últimas três décadas, Casoy consolidou um estilo opinativo. Na RedeTV!, diz que não irá "reinventar a roda", antes apostar no que afirma ser "imutável": "A qualidade da notícia, que pode ou não ser acompanhada pela opinião –que é o que gosto de fazer".

"Sempre que alguém parte para um projeto novo, diz que vão inovar, põe uma apresentadora de perna de fora, um garoto de 18 anos [para apresentar o jornal]."

Casos assim aconteceram no SBT. Primeiro, com o "Notícias Breves", que no início dos anos 2000 ficou famoso como "Jornal das Pernas". Na semana passada, Dudu Camargo, de 18 anos, assumiu o "Primeiro Impacto".

Casoy saiu sem mágoas da Band e encerrou sua passagem por lá com elogios ao vivo.

À Record, em que trabalhou de 1997 a 2005 e onde diz ter sofrido pressões políticas durante o governo Lula, não voltaria. "Enquanto a Igreja Universal estiver lá, não. A Igreja Universal [que controla o PRB] tem um projeto de poder com o qual não quero colaborar."

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