Vestido com trajes de festa, um grupo de bailarinos se dá as mãos. Dança uma farândola, tradicional bailado coletivo de origem provençal, ao som de música techno.
"BiT", da coreógrafa Maguy Marin, mostra os contrastes entre as relações humanas e o mundo hiperconectado em que vivemos. O espetáculo integra a programação do festival FranceDanse e será apresentado nesta sexta (7) e sábado (8) em São Paulo.
"Nós somos feitos disso. Do passado de nossas raízes híbridas, mas também da nossa contemporaneidade", afirma a coreógrafa francesa.
Expoente do teatro-dança –gênero expressionista que consagrou a alemã Pina Bausch e que mescla dança e elementos dramáticos–, Marin nasceu em Toulouse, no sul da França, em 1951. Filha de imigrantes espanhóis, sempre foi tocada pelo tema das relações e das exclusões.
Em "BiT", ela se debruça num trabalho preciso de ritmo. Cada bailarino tem uma autonomia de tempo, como se mantivesse a individualidade e a solidão, ainda que conectado aos outros pelas mãos e por uma dança ritualística. Por vezes, o grupo se movimenta em uníssono, noutras parece desconectado.
Um reflexo das relações, comenta a francesa. "Somos animais sociais e o inconsciente dos nossos corpos é excessivamente influenciável."
Ao fim, o espetáculo deixa a pergunta: podemos viver juntos? "Não há uma resposta definitiva, ela é constantemente trabalhada. Hoje convivemos, mas com frequência muito mal", diz Marin.
No palco, os bailarinos são rodeados de seis pistas inclinadas. Conectados, os intérpretes sobem e descem as estruturas, roçam o topo como se beirassem um precipício.
"Às vezes a dança pode ser a expressão da dor. 'BiT' é a dança de um desespero que não se aniquila."
BIT
QUANDO sex. (7) e sáb. (8), às 21h
ONDE Sesc Pinheiros, r. Paes Leme, 195, tel. (11) 3095-9400
QUANTO R$ 15 a R$ 50
CLASSIFICAÇÃO 10 anos