Das margens do rio São Francisco para a fictícia cidade industrial de São Dimas. A começar pelo ambiente, "A Lei do Amor" representa um rompimento com relação à antecessora "Velho Chico".
A nova novela das 21h estreia nesta segunda-feira (3) deixando para trás uma história lúdica, com disputas de terra e coronéis, para imergir numa trama cujo pano de fundo é a política.
É nesse contexto que surge Fausto, personagem de Tarcísio Meira, um rico empresário que se torna prefeito de São Dimas por três mandatos. Nesse período, ele se envolve em diversas maracutaias, e a cidade decai.
| Ramon Vasconcelos/TV Globo | ||
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| Reynaldo Gianecchini e Claudia Abreu na Oca, no Ibirapuera, como o casal Pedro e Helô |
O lado familiar também vai mal. Ele tem um casamento infeliz com Magnólia (Vera Holtz) e pouco contato com o filho Pedro (Reynaldo Gianecchini), que se mudou para a França depois que o pai criou um plano para separá-lo da namorada, Helô (Cláudia Abreu). Arrependido pelos erros do passado, Fausto pede que Pedro volte ao Brasil e resolve contar a verdade.
"É um bom bandido que quer ser um bandido bom", afirma Meira, que acha possível uma pessoa mudar em 20 anos. "Eu mesmo fiz coisas na minha vida das quais não gosto de ter feito. Mas qual de nós não fez?"
É aí que a trama ganha toques de realidade: Fausto cogita fazer um acordo de delação premiada com a Justiça e contar tudo o que sabe sobre seu período como prefeito.
Mas não dará tempo. Ele sofre um atentado, que o deixará condenado a um leito, sem poder nem falar nem se mexer.
São vários os suspeitos: Magnólia, Ciro (Thiago Lacerda, homem de confiança de Fausto), o frio empresário Tião (José Mayer, em seu primeiro vilão em novelas) e o atual prefeito de São Dimas, Augusto (Ricardo Tozzi).
Filho de um antigo líder sindical e idealista, Augusto é o contraponto político na trama. Considerado um bom prefeito, culpa Fausto pela morte do pai e pela situação da cidade.
"A novela é ficção, mas tem alguma fidelidade com a realidade. Um cara com a proposta de ser honesto, como Augusto, vai ser massacrado", diz Tozzi. "A nossa estrutura política é corrupta, e isso será abordado de uma forma realista", afirma.
Inspirado no cineasta Alfred Hitchcock, o suspense em "A Lei do Amor" será desvendado pouco a pouco a cada capítulo, e o telespectador muitas vezes ficará sabendo antes dos personagens o que está acontecendo.
Prevista para ir ao ar em março, a novela foi adiada, oficialmente, por ter personagens políticos. Segundo a Globo, a trama poderia enfrentar problemas com a legislação eleitoral. Assim, a solução foi esperar o primeiro turno.
O atraso fez com que a novela ganhasse um prólogo de cinco capítulos. Ambientando em 1995, Fausto ainda está dando os primeiros passos na vida política, porém mais preocupado em impedir que Pedro (ainda adolescente, interpretado por Chay Suede) fique com a jovem Helô (Isabelle Drummond).
Para separá-los, contrata Suzana (Gabriela Duarte) para seduzir o rapaz. Sem sucesso, ela arma uma cena e, nua, acaba flagrada por Helô na cama de Pedro.
PASSAGEM DE TEMPO
Após 20 anos, Pedro (já vivido por Gianecchini) volta ao Brasil, descobre que tudo não passava de um plano do pai e reconquista Helô, agora casada com Tião.
"Foi como se cortassem uma ponta de um barbante e depois juntassem de novo. Não acabou o amor, de forma alguma", diz Cláudia Abreu.
Diretora da trama, Denise Saraceni conta que, como os autores não pararam de escrever durante o período de adiamento, ela pôde trabalhar na caracterização dos personagens com 36 capítulos já prontos. Geralmente, só há uma sinopse como base.
"Conseguimos aprofundar as ideias. Também nos ajudou a preparar os personagens, a maquiagem, a caracterização e os cenários."
Outra diferença entre as duas últimas novelas das 21h é o tamanho do elenco. "A Lei do Amor" é mais clássica, cheia de núcleos e mais de 60 personagens. Atrizes como Claudia Raia, Heloísa Perissé e Grazi Massafera, por exemplo, terão papeis secundários.
NA TV
A Lei do Amor
Estreia na segunda (3/10)
Após o "Jornal Nacional", na Globo