Folha de S. Paulo


Banda Charlie e os Marretas excede o 'funk de enciclopédia' em novo álbum

Se em sua aurora o Charlie e os Marretas se graduou na ciência do funk, no novo "Morro do Chapéu", a ser lançado ao vivo no sábado (8), no Auditório Ibirapuera, o grupo paulistano parece ter pulado etapas rumo a uma arrojada tese de pós-doutorado.

"O primeiro disco era bem chegado na música dançante mais 'tradiça' dos anos 1970", diz o baixista Guilherme Giraldi. "Agora", diz, "deixamos a releitura atualizada e brincamos com atmosferas".

Jonas Tucci/Divulgação
SÃO PAULO, SP, 26.SET.2016 - A banda paulistana Charlie e os Marretas em foto de divulgação de seu segundo disco,
Nader, Amilcar (de pé), André, Charles, Tomás, Basile e Giraldi lançam novo disco no sábado (8)

Faz sentido: o groove não é um galho, mas uma árvore vistosa na qual se penduram frutos literais, como James Brown, e outros menos óbvios, como a psicodelia do Funkadelic, o esmero de Marcos Valle ou até a provocação do melody.

E, ainda que o pop dançante siga como pressuposto, o segundo disco cita outras paisagens, mesmo que pontuais, da lambada ao reggae. Também evolui o canto, tanto nas letras, narrativas e sensoriais, quanto na variação de vozes.

No canto, abundam distorção e até afinação digital enquanto opção estética. Como Caetano e Gal em "Autotune Autoerótico", tradução meio Leblon do funk do morro.

"Agora estamos quebrando a cabeça pra fazer ao vivo", diverte-se o baixista.

Antecipado pela Folha (ouça abaixo), o álbum sai em "discobjeto", caixa de madeira em edição artesanal e limitada. A ideia é explorar outras funções que download e streaming relegaram à mídia musical.

Ouça no soundcloud

CHARLIE QUER DANÇAR

Com a missão de fazer dançar ainda que "na marreta", o grupo nasceu em 2009 em torno do baterista e cantor Charles Tixier, o Charlie. Ele produziu "Morro do Chapéu" com Gui Jesus Toledo, do estúdio Canoa, bunker do selo Risco, com nomes como O Terno e Luiza Lian.

Fecham o time marreta Filipe Nader (saxofones), Amilcar Rodrigues (trompete), Tomás de Souza (teclado e voz), Biel Basile (percussão e voz) e André Vac (guitarra e voz).

O primeiro disco, que leva o nome do grupo, de 2014, chamou a atenção pela precisão do golpe em faixas como "Baile da Pesada", divulgadas em palcos de música autoral em São Paulo.

Em 2012, aproximados por Bruno Borges, o DJ Niggas, os Marretas viraram banda de apoio de Di Melo. Mito do soul, O Imorrível andava esquecido após décadas do álbum de 1975 com temas clássicos, como "Kilariô".

"Ele marcou um monte de shows, desvirginou a banda", diz Giraldi. Simbiótica, a relação devolveu o veterano à cena e, agora, vira bagagem.

CHARLIE E OS MARRETAS
QUANDO sábado (8), às 21h
ONDE Auditório Ibirapuera
QUANTO R$ 10 a R$ 20, pelo site ingressorapido.com.br


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