Folha de S. Paulo


Parceria entre Netflix e Marvel, 'Luke Cage' quer ser Kurosawa no Harlem

Luke Cage não foi o primeiro super-herói negro da Marvel (a honra vai para o Pantera Negra, de 1966), mas foi o primeiro a ganhar um gibi próprio, em 1972. Chegou a hora de mais.

A partir de sexta (30), quando "Luke Cage" estrear no Netflix, o grandão do Harlem se tornará o primeiro negro do Universo Marvel a ter uma série de TV, passando inclusive a perna no filme "Pantera Negra", previsto para 2018.

"Existe a questão de ser o primeiro, mas queríamos fazer a primeira série interessante sobre um super-herói negro", conta o showrunner Cheo Hodari Coker à Folha.

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Mike Colter como Luke Cage na série de TV

"As oportunidades de fazer um projeto assim são raras e há pressão", diz o ator Mike Colter, que interpreta Cage.

"Se você é negro, existe uma percepção de precisar ser melhor do que alguém que não é negro. Então, podemos até não ter a melhor série, mas cada um dos envolvidos deu o máximo."

O produtor afirma estar feliz por ajudar a construir público para o longa da Marvel. "Vibrei como um fã quando Ryan Coogler [diretor negro, de 'Creed'] foi chamado para fazer 'Pantera' Negra", afirma Coker, que também é negro.

"A única coisa em comum entre os personagens é que são da Marvel. 'Pantera' é uma espécie de 'O Jardineiro Fiel' na nação mais avançada da Terra, que fica na África. O nosso é um Kurosawa no Harlem", exagera. Akira Kurosawa (1910-1998) é um diretor japonês de filmes de arte.

Criado para se aproveitar do sucesso do subgênero cinematográfico "blaxploitation", Cage era um herói com pele quase indestrutível que usava uma camisa decotada amarela, tiara de prata em volta do cabelo afro e gritava o bordão "Cacetada!".

Assim, a série em 13 capítulos bebe da fonte do cinema nova-iorquino dos anos 1970 e traz uma pitada do relutante herói remodelado nos anos 2000 no gibi.

Cage tenta viver em paz no Harlem, mas sua comunidade está envenenada por políticos corruptos e mafiosos. "Não vamos nos acovardar em relações ao assunto da negritude nos EUA. Parte de ser negro vem do orgulho de ser negro", diz Coker. "Sabemos que algumas pessoas não gostarão. Nosso programa é inclusivo, mas não dá para mudar a cabeça de todo mundo."

Uma das principais mudanças em relação ao tom de "Demolidor" e "Jessica Jones", que ajudaram a forjar o mundo cru e sombrio de Luke Cage, é a trilha sonora. Comandada por Ali Shaheed Muhammad, de A Tribe Called Quest, a música serve de palco para apresentações de artistas reais (Charles Bradley, Faith Evans, Jidenna) no clube do vilão da trama.

"É um faroeste com hip-hop", resume Coker.

NA TV
Luke Cage
QUANDO estreia sex. (30), Netflix


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