Folha de S. Paulo


Escritor mexicano David Toscana lança romance em festival em Santos

Por muito tempo, o escritor mexicano David Toscana, 55, tirava inspiração para sua ficção percorrendo, de bicicleta, a região desértica próxima de sua cidade natal, Monterrey, no norte do país.

É dessa época, nos anos 1990, o livro que sai agora no Brasil. "Lontananza Bar" é composto de várias histórias que ocorrem numa cantina onde boêmios, poetas e outras figuras descarregam frustrações e nostalgias.

Também é do tempo em que vivia em Monterrey a novela "Santa Maria do Circo", que Toscana lançou quando veio ao Brasil para participar da Festa Literária Internacional de Paraty (Flip), em 2006.

Divulgação
O escritor mexicano David Toscana USO EXCLUSIVO ILUSTRADA NAO USAR ***DIREITOS RESERVADOS. NÃO PUBLICAR SEM AUTORIZAÇÃO DO DETENTOR DOS DIREITOS AUTORAIS E DE IMAGEM***
O escritor mexicano David Toscana, que lança 'Lontananza Bar'

Agora, a obra ganha nova vida pelas mãos do ator e diretor brasileiro Guilherme Weber, que o tomou como inspiração para "Deserto", filme com Lima Duarte que conta a história de uma trupe que viaja, não pelo deserto mexicano, mas pelo sertão brasileiro, mostrando um espetáculo. "Deserto" está em competição no festival de Brasília.

Mas o David Toscana que se apresenta neste sábado (24) no festival Tarrafa Literária, em Santos, hoje é um escritor diferente. Desde que deixou Monterrey, passando uns anos na Polônia e hoje radicado em Portugal, a temática de suas histórias mudou.

"Um escritor sempre é contaminado pelos lugares onde está e passa. Agora sinto estar abrindo outras portas", diz à Folha, por telefone.

Seu novo romance, "Evangelia", lançado no México neste ano, reinventa passagens da Bíblia a partir da premissa de que o filho de Maria e José tivesse nascido mulher.

"Queria questionar algumas facetas da religião, mas o livro vem sendo visto como feminista, engajado, coisa que nunca fui em outros trabalhos. É curioso."

DONALD TRUMP

Apesar de distante, Toscana diz preocupar-se com a candidatura de Trump, nos EUA, pelo comportamento racista e xenófobo do republicano, tendo seu país como um dos principais alvos.

"Mas triste mesmo fico com nosso presidente, Enrique Peña Nieto, que achou que era boa ideia convidar Trump para visitar o México e lhe dar um palco. Nem era necessário um bom assessor para dizer que se tratava de uma loucura, qualquer taxista poderia tê-lo aconselhado."

Toscana crê que as manifestações que vêm ocorrendo contra Peña Nieto na Cidade do México aumentarão. "Já não lhe resta capital político. Não creio que caia, mas terá a governabilidade muito afetada até as eleições [em 2018]".

LONTANANZA BAR
TRADUÇÃO Manoel Herzog
EDITORA Realejo
QUANTO R$ 39,90 (73 págs.)
LANÇAMENTO neste sábado, às 19h, no teatro Guarany (pça. dos Andradas, 100); entrada franca


Endereço da página: