Folha de S. Paulo


Whitesnake traz jukebox de sucessos a SP e Coverdale nega aposentadoria

"Eu posso atestar: músicos envelhecem, sua imagem pode ficar engraçada, mas boas canções podem durar para sempre", diz David Coverdale, 64, a voz que embala os sucessos do Whitesnake há quase quatro décadas.

"Is This Love", a mais inevitável associação ao repertório da banda (ainda) está aí para provar que eternidade é só um ponto de vista.

Ladeando as também populares "Here I Go Again" e "Love Ain't No Stranger", a canção suprema dos apaixonados dos anos 1980 compõe a seleção de hits que a banda apresenta em passagem por São Paulo, nesta quinta (22) e nesta sexta (23), e com a qual segue também por Belo Horizonte e Rio de Janeiro.

Ide Gomes/Frame
David Coverdale durante apresentação no CityBank Hall, no Rio de Janeiro, em 2011
David Coverdale durante apresentação no CityBank Hall, no Rio de Janeiro, em 2011

"Muitas de nossas canções fizeram parte do pano de fundo da vida de tanta gente, é de tirar o fôlego só de pensar", diz o cantor, acrescentando que "muitas pessoas se casaram ao som de 'Is This Love'".

Coverdale nega estar cansado de entoar os mesmos refrões e explica que essa é a primeira turnê dedicada exclusivamente aos maiores sucessos da banda que fundou após deixar o Deep Purple.

"É como continuar a morar numa mesma casa, mas mudando os móveis de lugar."

Um dos truques, conta, é se apoiar na empolgação que a plateia mostra ao reconhecer cada canção já nos primeiros acordes. "É impossível não se envolver. Eu escrevo músicas que são desafiadoras para mim e, talvez por isso, não fique entediado", completa.

A mesma turnê reuniu, na Europa, cerca de 600 mil pessoas em menos de cinco semanas de apresentações.

DE VOLTA AO INÍCIO

Por telefone, Coverdale descreve à Folha a vista de sua casa à beira do lago Tahoe, no Estado americano de Nevada. Empolga-se falando da vida selvagem na qual imerge quando não está na estrada com o Whitesnake –inclusive ursos, com os quais trava contato involuntariamente.

"É preciso ficar superatento, é o preço por morar em um ambiente natural e lindo como este, o mais longe possível do rock'n'roll. Eu preciso disso", diz. Em seu ritual matinal, Coverdale medita e se põe ao piano para compor.

Engana-se quem pensa que ele está prestes a deixar os palcos. Ele diz se arrepender de ter anunciado que se aposentaria após a turnê de "The Purple Album", apanhado de músicas da época em que assumia os vocais do Deep Purple lançado em 2015.

"Foi depois do Natal, uma época sentimental. Eu estava finalizando a mixagem de 'Purple', e pensei que seria um bom momento de encerrar a carreira da maneira como comecei", lembra. "Mas percebi que meu espírito e meu entusiasmo estão mais afiados do que quando eu tinha 30 anos".

O músico, que completa 65 anos nesta quinta (22), analisa sua experiência com o envelhecimento: "Te dá um punhado de diferentes perspectivas sobre as coisas".

Após perder algumas pessoas próximas em 2012 –dentre elas o tecladista Jon Lord e sua tia Sylvia, a grande responsável por sua formação musical na infância–, ele decidiu fazer as pazes com todos, incluindo o ex-parceiro de banda Ritchie Blackmore.

"Eu não queria que ele ou outra pessoa morresse sem que eu pudesse dizer 'te amo' e 'obrigado pelo que você trouxe à minha vida'", diz.

Apesar de reconhecer os ganhos do tempo, Coverdale diz não estar pronto para encarar a derradeira: "Eu definitivamente não vou envelhecer graciosamente, eu estou numa porra de uma banda de rock, pelo amor de Deus. Eu serei arrastado chutando e gritando ao longo de todo o caminho. Eu vou me divertir o máximo que eu puder".

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WHITESNAKE
QUANDO qui. (22) e sex. (23), em SP, dom. (25), em BH, e dom. (2/10), no RJ
ONDE Citibank Hall, av. das Nações Unidas, 17955 (SP); BH Hall (BH) e Metropolitan (RJ)
QUANTO De R$ 85 a R$ 600 pelo ticketsforfun.com.br
CLASSIFICAÇÃO 15 anos


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