Folha de S. Paulo


Grupo Magiluth, do Recife, transforma a própria crise em espetáculo

Há um ano, os atores do grupo Magiluth encontraram nos textos do filósofo esloveno Slavoj Zizek e nos filmes do grego Yorgos Lanthimos perguntas que os tiraram do eixo. Os conflitos internos fizeram os recifenses "explodirem" em cena a crise estética e artística que viviam e transformá-la em "O Ano em que Sonhamos Perigosamente".

A peça encenada hoje no Itaú Cultural é o oitavo trabalho do grupo, um dos principais nomes do teatro pernambucano.

Na montagem, que esteve no dia 13 no festival Mirada, em Santos, o elenco parte da desestabilização causada por mudanças de elenco e reflexões sobre hierarquias, lideranças e arte, que são levadas ao público por meio da metalinguagem. A narrativa traz cinco homens que ensaiam algo que pretendem construir como um belo trabalho –embora não saibam o quê.

Renata Pires/Divulgação
Cena da peça 'O Ano em que Sonhamos Perigosamente'
Cena da peça 'O Ano em que Sonhamos Perigosamente'

O esforço da criação inclui dores e brutalidade, em um conflito verbal que se torna físico ao passo que o diálogo se transforma em atrito.

"A obra de Zizek e o cinema de Yorgos utilizam o micro para falar do macro. Partem das relações familiares e dos pequenos núcleos sociais como tradução de uma sociedade. Assim, partimos do grupo de teatro para levantar questões comuns ao todo", afirma o diretor e ator Pedro Wagner, que incorporou experimentos e improvisação ao Magiluth.

"Nas nossas peças mais recentes, sabíamos que existia um caminho previsível e já conseguíamos jogar com ele. 'O Ano' explode com isso, derruba, é construído diante do público, como um ensaio", diz o ator Giordano Castro.

A peça é a primeira de uma trilogia sobre o caos. A próxima será uma adaptação de "Hamlet", ainda sem previsão de estreia.

O ANO EM QUE SONHAMOS PERIGOSAMENTE
QUANDO nesta terça (20), às 20h
ONDE Itaú Cultural, av. Paulista, 149
QUANTO grátis
CLASSIFICAÇÃO 16 anos


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