Folha de S. Paulo


"Ser prático não é errado", diz Bruno Barreto sobre escolha para o Oscar

Divulgação
Cena do filme
Cena do filme "Pequeno Segredo"

"A decisão de ser prático não é errada no Oscar", diz o cineasta Bruno Barreto, que presidiu a comissão que elegeu o filme "Pequeno Segredo" para representar o Brasil no maior prêmio do cinema.

O longa disputará uma das cinco vagas na categoria de melhor filme estrangeiro com produções do mundo todo.

"Os membros da Academia, que votarão no vencedor, são muitos e variados, mas os que escolhem os cinco filmes que serão indicados são mesmo mais velhos. Existe, sim, um padrão", afirma à Folha.

Ele se refere à polêmica da escolha de "Pequeno Segredo", que desbancou 15 filmes, incluindo o favorito, "Aquarius", de Kleber Mendonça Filho. O vencedor é um longa que ainda não estreou no país.

O diretor diz que a "votação foi lisa" e que não houve partidarização. "Não havia nenhuma agenda política. Discordo dessa paranoia toda."

EMPATE COM 'AQUARIUS'

Barreto criticou a ausência de duas das integrantes da comissão: Adriana Rattes e Carla Camurati, que não compareceram à deliberação, na segunda (12), e enviaram os votos por e-mail.

"Isso teve impacto no resultado", diz. "Aquarius" ganhou quatro votos, incluindo os das duas ausentes. "Pequeno Segredo" recebeu outros quatro, e "Nise" teve um. Na última rodada de discussões, o voto de "Nise" migrou para "Pequeno Segredo".

"A única coisa que me arrependo é não ter suspendido a reunião pela falta das duas", disse.

Adriana informou que estaria fora do país, e Carla disse que perdeu o voo para São Paulo: "Foi um ato de displicência carioca da parte da Carla. Que pegasse um voo mais cedo!"

"Respeito muito o trabalho das duas, mas hoje, muito menos do que respeitava antes, depois dessa", disse o diretor. ""Quando eu aceitei o convite para fazer parte do júri, impus que uma das condições seria que todo mundo se comprometesse."

Barreto também disse que a comissão foi "mal-organizada": como presidente do júri, ele é quem faria o anúncio, mas, informado de que o comunicado demoraria, acabou não voltando a tempo de falar com os jornalistas.

Ele diz que soube por notícia publicada na Folha que o vencedor já havia sido anunciado.

O cineasta lembra que esta não foi a primeira vez que o filme nacional mais falado do ano ficou de fora: em 2007, numa comissão da qual ele também participou, "Tropa de Elite" perdeu a vaga para "O Ano em que Meus Pais Saíram de Férias".


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