Folha de S. Paulo


Atores do musical 'Forever Young' brincam aos 90 no retiro dos artistas

Alguns dos principais atores de teatro musical no país passaram os últimos meses aprendendo a cantar com a laringe mais solta, para a voz ficar pesada, com menos tônus, como dizem. Também para não estender tanto os músculos, para não articular tanto os joelhos, braços.

Jarbas Homem de Mello, Paula Capovilla, Marcos Tumura, Claudia Ohana e Carmo Dalla Vecchia, cuidados pela enfermeira de Fafy Siqueira, entram em cena a partir desta sexta-feira (19) como se tivessem mais de 90 anos, num retiro de artistas.

"Forever Young" retrata um dia na vida desses velhinhos, todos ex-atores, ex-cantores, que lembram as passagens de suas vidas com hits de rock'n'roll, em 2050. O esforço todo com os corpos e vozes, diz Mello, 47, também diretor, foi para "fugir o máximo possível da caricatura".

É uma comédia entremeada por músicas como "Satisfaction" ou a canção-título, com dramaturgia do suíço Erik Gedeon e já encenada em países como Alemanha, Argentina e Espanha, mas que não se restringe ao humor e busca apresentar a idade avançada também no que tem de cruel.

"As situações são muito engraçadas, porque eles são felizes, gostam de viver, então aprontam", diz Mello. "Mas não se trata de deboche, até porque a gente está rindo da gente mesmo, daqui a 30, 40 anos. A gente está olhando para o futuro e experimentando no nosso corpo."

A exemplo do que aconteceu na montagem espanhola, os atores usam seus próprios nomes para os personagens, ainda que não tenham maior identificação com cada um. Paula Capovilla, 38, por exemplo, diz que não se vê na desbocada e radical Paula que interpreta.

"Os personagens têm histórias próprias, mas a gente mesclou com alguns detalhes para o público ver que somos nós meio que brincando com o que seremos", diz ela. "Tem momentos bem tocantes, mas a mensagem é muito assim: Vamos envelhecer com leveza, sem deixar a carga mais pesada do que já é."

Claudia, a personagem de Ohana, já estaria com início de Alzheimer, mas o mais perdido em cena é Tumura, ex-hippie, ator e roqueiro. "É um mal-humorado, que bebe o tempo todo, tem sempre uma garrafa de vodka, fuma maconha", diz Tumura, o ator.

"O que entendo dele é que é meio sequelado, porque canta só pot-pourri. São dois pot-pourris enormes, de músicas super legais. Mas ele começa a cantar e já passa para outra, passa para outra, passa para outra. Parece uma estação de rádio. É uma delícia fazer esse número."

Não faltam cenas com a realidade da terceira idade, "perder cabelo, ter problema na perna, ter dificuldade para falar, mas eles se divertem muito".

FOREVER YOUNG
QUANDO Sex., às 21h30; sáb., às 21h; dom., às 15h e 18h (no dia 21/8 não haverá sessão às 15h); até 30/10
ONDE Teatro Fecomércio - sala Raul Cortez, r. Dr. Plínio Barreto, 285, tel. (11) 3254-1631
QUANTO R$ 50 a R$ 100
CLASSIFICAÇÃO 10 anos


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