Folha de S. Paulo


Fulvio Stefanini debate a perda de memória na peça 'O Pai'

Às vésperas do Dia dos Pais, comemorado neste domingo (14), Fulvio Stefanini sobe ao palco do auditório do Masp dirigido pelo filho Léo Stefanini. E para protagonizar a peça "O Pai". É curioso, "mas não passa de uma coincidência", explica o ator, que, com o espetáculo que estreia nesta sexta-feira (12), celebra 60 anos de carreira.

Escrito em 2012 pelo dramaturgo francês Florian Zeller, o texto já foi montado em cidades como Buenos Aires, Londres e Paris –onde recebeu o Prêmio Molière de melhor espetáculo.

A comédia dramática acompanha a relação entre uma filha (Carolina Gonzalez) e um pai idoso que começa a perder a memória: ele necessita de cuidados cada vez mais específicos; ela, mesmo não querendo abandoná-lo, precisa viver a própria vida.

"A grande jogada da peça é ter personagens com quem o público pode se identificar: são pessoas comuns que estão passando por um problema", afirma Fulvio.

Para Léo, além da própria história, é interessante ver como forma e conteúdo estão atrelados. "O texto de Zeller desperta no espectador a sensação de ele próprio estar ficando gagá, já que ele passa a ver os acontecimentos pela perspectiva do velho", conta.

Fulvio e Léo chegaram a assistir ao filme baseado no texto, "Floride" (2015), e à versão argentina da peça. Mas foram por outros caminhos.

"A montagem de Buenos Aires vai mais pela linha da comédia", diz Léo. "Nós tentamos buscar o que acho um momento sublime da arte: fazer com que as pessoas riam e chorem ao mesmo tempo."

SALA DE ENSAIO

Para criar seu personagem, Fulvio recorreu ao "método" com o qual já está acostumado há seis décadas: seguir sua intuição. "Não me inspiro em nada. Vou chegando aos resultados a partir das leituras e dos próprios ensaios", diz o ator, dono de um currículo com personagens como o mulherengo Tonico Bastos, da novela "Gabriela", exibida pela Rede Globo em 1975.

"Acho que meu pai anda com mais vigor no palco do que cotidianamente", comenta Léo, que, emocionado, conta ter tido crise de choro durante os ensaios. "A peça trata de um tema delicado e é impossível não pensar que meu pai está ficando velho também", diz. "Já ele é muito mais tranquilo em relação a isso."

Apesar dos 76 anos, Fulvio não se acanha em cena: chega a brincar dançando um sapateado improvisado e até a receber empurrões na cabeça de outro ator.

"Sigo com a mesma paixão com a qual comecei minha carreira", afirma o ator. "Mas tinha menos idade na época. Agora sei que tenho que ir com mais calma", ri.

O PAI
QUANDO sex. e sáb., às 21h, dom., às 19h30, até 30/10
ONDE Auditório Masp Unilever, av. Paulista, 1.578, tel. (11) 3149- 5959
QUANTO R$ 60 (sex.) e R$ 80 (sáb. e dom.)
CLASSIFICAÇÃO 12 anos


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