Folha de S. Paulo


Última mesa da Flip termina com ato contra Temer

Keiny Andrade/Folhapress
Autores convidados participam da última mesa da Flip, que acabou com uma intervenção contra o presidente interino Michel Temer
Coletivo projeta mensagens contra o presidente interino Michel Temer na última mesa da Flip

A última mesa da Flip (Festa Literária Internacional de Paraty), onde os autores convidados leem trechos de seus livros favoritos, acabou com uma intervenção contra o presidente interino, Michel Temer.

Ao final, enquanto os autores desciam do palco e após os agradecimentos do curador, Paulo Werneck, foram projetadas no telão da tenda as frases "Temer jamais" e "Não pise na democracia". A manifestação foi feita pelo coletivo de intervenções urbanas Transverso.

Durou poucos segundos. Não houve reação por parte de Werneck nem dos autores, que pareciam não tê-la notado.

A Flip afirmou que encarou esse ato da mesma forma como viu protestos que aconteceram durante e evento e comentários políticos dos autores – não condena nem endossa.

Essa não foi a única manifestação política na mesa, que em geral é pacata. O escritor João Paulo Cuenca terminou sua leitura de Lima Barreto dizendo "Fora Temer, fora Dornelles, fora Paes, fora PMDB, fora República Velha".

Entre as outras leituras houve um pouco de tudo, de literatura infantil a James Joyce.

A poeta de spoken work Kate Tempest leu "Murphy", de Samuel Beckett, com a teatralidade que aplica à recitação de sua poesia. "A solidão vira algo glorioso na obra dele, por isso seria minha leitura de ilha deserta."

"É difícil superar Beckett", disse Karl Ove Knausgard, "mas o que eu escolhi talvez consiga: James Joyce". Leu um trecho de "Ulisses".

Helen Macdonald leu um trecho do livro infantil "A Espada na Pedra", enquanto Laura Liuzzi leu "O Amante de Lady Chatterley", do britânico D.H. Lawrence. "Escolhi isto porque temos falado muito nesta Flip sobre escrever com o corpo", e recitou um trecho que descreve um orgasmo feminino.

Em homenagem a mulheres poetas, Marcílio França Castro leu "Elogio dos Sonhos", da polonesa Wislawa Szymborska.

O humorista português Ricardo Araújo Pereira leu um poema de seu conterrâneo Fernando Pessoa, e Misha Glenny, trecho de "O Mestre e a Margarida", do russo Mikhail Bulgakov. Escolheu esse porque a primeira tradução que houve dele foi feita pelo seu pai.


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