Folha de S. Paulo


Consuelo de Castro deixou inéditas, diz filho da dramaturga durante velório

O corpo da dramaturga e escritora Consuelo de Castro foi velado nesta quinta (30) entre 15h e 19h no Cemitério do Araçá, em São Paulo.

Passaram pela cerimônia diversas personalidades da política e das artes, como a senadora Marta Suplicy, a atriz Miram Mehler, o ator e diretor Juca de Oliveira e as dramaturgas Leilah Assumpção e Maria Adelaide Amaral.

Castro morreu em decorrência de um câncer, aos 70 anos, e deixou uma obra literária voltada ao teatro. Seu primeiro texto, "A Prova de Fogo" (1968), contava a história de estudantes universitários reprimidos com violência por soldados. Foi censurado pelo regime militar. A autora continuou se dedicando a uma identidade de veia política.

Marlene Bergamo/Folhapress
Velório da atriz e dramaturga Consuelo de Castro, no Cemitério do Araçá
Velório da atriz e dramaturga Consuelo de Castro, no Cemitério do Araçá

"Ela foi muito intensa em tudo o que fez", disse Adelaide Amaral à Folha, durante o velório. "Ela era persistentemente revolucionária e totalmente de esquerda", grifou a autora.

"Ela é e sempre foi de esquerda, mas de uma esquerda que tem estirpe, não essa coisa mixuruca que a gente vê hoje por aí", completou Leilah Assumpção.

Segundo Maria Eliza de Castro, irmã de Castro, "até há pouco tempo", a autora se correspondia com José Dirceu, ex-ministro da Casa Civil no governo Lula, preso por envolvimento no Mensalão e condenado também à prisão por participação na Lava Jato. Eles se conheceram nos anos 1960.

Um dos filhos de Castro, o jornalista Pedro Venceslau disse que sua mãe deixou uma peça e um livro de contos escritos, ainda não publicados.

A peça é sobre a enfermeira Maria da Penha, símbolo da luta feminina contra a violência doméstica. O livro de contos é baseado na relação que ela tinha com o neto, Antônio, filho de Pedro. Castro tinha mais uma filha, a fotógrafa Ana Carolina Lopes.

Outra marca relembrada por amigos como Juca de Oliveira foram o humor e o otimismo de Castro. Segundo sua irmã, a autora tinha certeza de que deixaria o hospital viva. "Ela dizia 'vou sair daqui e pintar o cabelo de vermelho."

Após o velório, o corpo seria levado para o crematório da Vila Alpina.


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