Existe uma ciência no cinema americano de tornar palatável um tema que, em princípio, parece insuportável. Em "Para Sempre Alice" (2014, 12 anos, HBO 2, 22h) o que vemos é uma mulher decompor-se sob o efeito do Alzheimer.
Não qualquer mulher: uma professora. E de linguística, para completar. E para provar que atividade intelectual não tem nada, rigorosamente, a ver com a doença.
Essa mulher é, no caso, Julianne Moore. Eis a ciência hollywoodiana: em lugar de ver a mulher se decompondo, se desumanizando, podemos nos fixar no desempenho de Julianne Moore, que por sinal ganhou um Oscar pelo papel. Que por sinal o mereceu.
O horrível torna-se então de certo modo agradável. Continuamos em um "filme de tema" típico,grave, no mais. Mas o gozo do espectador é garantido. Viva a estrela!
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Julianne Moore em cena de "Para Sempre Alice" |