Folha de S. Paulo


Entrevistas de 'O Pasquim' ganham encenações e viram série de TV

Juliana Torres/Divulgação
Descrição: da esq para a dir Augusto Madeira, Bruce Gomlevsky, Marcio Vito e Daniel Braga. sentado: sergio loroza como aguinaldo timoteo, na serie do canal brasil que recria entrevistas do pasquim. Juliana Torres/divulgação ***DIREITOS RESERVADOS. NÃO PUBLICAR SEM AUTORIZAÇÃO DO DETENTOR DOS DIREITOS AUTORAIS E DE IMAGEM***
Da esq.: Augusto Madeira, Bruce Gomlevsky, Marcio Vito e Daniel Braga; sentado: Sergio Loroza

"Caetano é uma merda! Caetano não é artista! Não sabe cantar". A agressividade em cima de Caetano Veloso foi despejada por Agnaldo Timóteo em uma famosa entrevista ao "Pasquim", em 1972.

Ao ouvir isso, Ziraldo, um dos entrevistadores da genial e provocativa turma do semanário, instiga: "Mas ele não é um grande compositor não?".

Timóteo então continua no ataque: "Compositor de quê? Tá cantando cada macaco no seu galho e todo mundo roda e diz que é sensacional, e a música foi feita em mil novecentos e outrora, por um cara que ninguém conhece. Que gênio é esse?".

Lendo muitas das 1.072 entrevistas publicadas no "Pasquim" entre 1969 e 1991, quando o jornal existiu, o diretor André Weller, 43, pensou: isso aí dá teatro. "Os textos têm uma qualidade dramatúrgica, rubricas", diz.

E rendeu mesmo uma encenação, feita em um palco, mas para a TV. Nascia assim a série "As Grandes Entrevistas do Pasquim", que estreia nesta segunda (13), às 20h.

Na produção de 13 episódios, atores interpretam algumas das personalidades entrevistadas pelo "Pasquim", como Agnaldo Timóteo, vivido por Sérgio Loroza. O Timóteo verdadeiro também participará pedindo desculpas a Caetano, que conheceu depois.

A série traz ainda Matheus Nachtergaele como Fernando Gabeira, Michel Melamed como Elke Maravilha e Paulo Cesar Pereio como Jânio Quadros, entre outros.

Augusto Madeira, Bruce Gomlevsky, Daniel Braga e Marcio Vito são do elenco fixo, revezando-se em papéis como de Ziraldo, Tarso de Castro, Jaguar, Millôr e Sérgio Cabral.

"Dizem que 'O Pasquim' foi uma conjunção de astros que se alinharam porque tinham um único inimigo, o governo militar. Agora vivemos um momento de posicionamento político, acho propício para a série, porque as pessoas que davam entrevistas ali eram libertárias, iconoclastas", afirma Weller à Folha.

O diretor conta com a ajuda no roteiro de um antigo editor do jornal, Ricky Goodwin.

Alguns dos entrevistadores remanescentes do "Pasquim" também aparecerão, contando bastidores.

"Agora faltam 1.059 entrevistas para selecionar", diz Weller, dando pistas de que haverá mais uma temporada.

NA TV
As Grandes Entrevistas do Pasquim
QUANDO seg., às 20h, Canal Brasil


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