"Roteiro de Casamento" é sob medida para quem vive reproduzindo o lugar-comum "o cinema argentino é melhor que o nosso porque eles são europeizados e cultos, e nós nem gostamos de ler". A comédia que fez, até agora, o melhor público de 2016 no país vizinho oferece o mesmo tipo de humor que, por exemplo, "Até que a Sorte nos Separe 2" ou "Loucas pra Casar", fenômenos de bilheteria no Brasil.
O filme reedita o time do igualmente bem-sucedido (lá) "Um Namorado para Minha Esposa" (2008), com Juan Taratuto na direção, e Adrián Suar e Valeria Bertuccelli como protagonistas.
Trata-se, como 99% das comédias, de colocar juntos dois personagens que não se dão e extrair, desse desarranjo, da piada pronta ao pastelão.
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| Adrián Suar e Valeria Bertuccelli em cena do filme "Roteiro de Casamento" |
Fabián é um galã boçal contratado para ser o par romântico de Florencia, uma atriz sem talento. Ela é tonta e se apaixona pelas características do personagem dele. Os dois se casam e logo ela descobre que ele, na real, é um "boludo", um perfeito idiota.
Aqui nem se tenta, como na comédia maluca, implodir valores socialmente aceitos ou expor os personagens novos-ricos ao ridículo. Também nem há intenção de cutucar a classe média que ainda vai ao cinema e paga TV a cabo.
Tudo se passa numa versão portenha de Miami, com carros de luxo, casas de alto padrão e festas com celebridades. Tudo é bem produzido, "chique", e nada incomoda.
O humor é como o das comédias que lotam teatros no fim de semana, em que o público vai para ver os atores e nem se interessa se o texto e a montagem têm qualidade.
A única vantagem de "Roteiro de Casamento" é atestar que se o cinema argentino nos parece tão melhor que o brasileiro é só porque os filmes meia-boca deles não são exibidos aqui.
ROTEIRO DE CASAMENTO 
DIREÇÃO Juan Taratuto
ELENCO Valeria Bertuccelli, Adrián Suar e María Alche
PRODUÇÃO Argentina, 2016, 12 anos
QUANDO em cartaz