Folha de S. Paulo


El Chapo quer ser pago por Univisión e Netflix, que fazem série sobre sua vida

O traficante mexicano Joaquín "El Chapo" Guzmán, prestes a ser extraditado aos Estados Unidos, está disposto a negociar com o serviço de vídeo em streaming Netflix e a rede americana em espanhol Univisión uma série sobre sua vida, informou nesta quinta-feira (26) um de seus advogados.

Segundo o representante legal, se Guzmán não der sua autorização, ele poderá processar as empresas em tribunais americanos por produzirem atrações baseadas em sua história.

"O senhor [Guzmán] não morreu, não é um personagem de domínio público, ele está vivo, ele tem que autorizar (...) Poderíamos processá-los porque não têm autorização para uma série ou um filme", declarou, à rádio Formula Andrés Granados, o advogado do traficante.

Na terça (24), o canal Univisión publicou no YouTube o trailer da telessérie que produz em parceria com a Netflix. O vídeo tem poucas pistas sobre a trama: só uma animação em preto e branco, com toques em vermelho, que evolui do líder da Revolução Mexicana, Emiliano Zapata, ao rosto pintado de sangue de Guzmán.

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"Ele [El Chapo] já nos disse que, se eles já têm o projeto, para não perdê-lo e não nos desgastarmos a princípio com uma ação, podemos negociar com eles, mas até agora não se aproximaram, [podemos] negociar um preço para dar-lhes autorização, caso usem seu nome", acrescentou o advogado.

Na negociação também seria revisto o conteúdo da série, pois poderia afetar a defesa do poderoso narcotraficante, que tem 25 dias para apelar do aval da chancelaria para a extradição aos Estados Unidos, depois que dois juízes emitiram uma opinião favorável ao tratado de extradição entre os países vizinhos.

Ele "é extraditável e aí podem tirar algo sobre a sua vida que, na verdade, pode afetá-lo em assuntos legais, na defesa", acrescentou Granados.

El Chapo é demandado por um tribunal do Texas por homicídios, narcotráfico, crime organizado, porte de armas e lavagem de dinheiro, enquanto na Califórnia é acusado de importar e distribuir cocaína.

Por anos, ele foi o narcotraficante mais procurado do mundo. Em 1994, foi capturado na Guatemala e entregue à Justiça mexicana, mas em janeiro de 2001, fugiu de uma prisão de segurança máxima.

Em 2014, foi recapturado, mas em julho passado voltou a protagonizar uma fuga espetacular de outra prisão, através de um túnel quilométrico.

Em janeiro passado, voltou para a cadeia e o governo mexicano, que inicialmente resistia a extraditá-lo, anunciou sua intenção de entregá-lo à Justiça americana.


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