Folha de S. Paulo


Tática da prefeitura esvazia shows da Virada Cultural durante madrugada

Os arrastões que marcaram as Viradas de 2013, 2014 e, com menos intensidade, de 2015 não deram a cara neste ano, mas andar durante a madrugada por esse evento cultural ainda não é algo que se faça com total descontração.

A Folha identificou casos de violência entre 0h e 6h deste domingo (22): uma mulher levou uma facada numa briga durante o show de Elza Soares, e um homem ficou desacordado após sofrer uma pancada na cabeça num assalto.

A tática anunciada pela prefeitura foi a de projetar uma noitada mais vazia. Os palcos da Sé e do parque da Luz foram extintos, enquanto os da Princesa Isabel e da Júlio Prestes, próximos à cracolândia, tiveram programação reduzida.

Na avenida São João, o público debandou a partir das 3h, com o fim do show da paulistana Céu. Quando a cantora Lei Di Dai entrou em cena, às 5h, o público se resumia a gatos pingados reunindo forças para ficar de pé.

No largo do Arouche, Luiz Caldas manteve a liga. Abriu seu show às 5h com um solo de guitarras e emendou com "Tieta", hit que em 1989 abria a novela homônima da Globo. Não teve erro –homens, mulheres e travestis, todos tiraram o pé do chão.

Dali até a República, o caminho se iluminava todo ocupado por tendas de comida. Questionados sobre as ocorrências da noite, agentes da Polícia Militar e da Guarda Civil Metropolitana, em bom número nesse trajeto, reportaram furtos, principalmente de celulares, mas julgaram que essa Virada foi mais tranquila do que as anteriores.

O vale do Anhangabaú também ficou vazio durante a madrugada, exceto por um trecho próximo à estação de metrô. Naquele ponto, um projeto de música eletrônica reuniu "manos e minas".

A embriaguez não abateu tanta gente como na edição de 2012 -que ficou marcada pelo vinho químico nas ruas do centro-, mas muitos acabaram na sarjeta. Na sexta (20), dia do "esquenta" da Virada, a prefeitura apreendeu mercadorias de mais de 200 vendedores ambulantes, mas não evitou o comércio informal durante a festa.

A única morte durante a festa foi a de um homem de 21 anos que teve uma parada cardíaca, por ter ingerido algo que os médicos não identificaram. Ele foi levado à Santa Casa. A organização da Virada afirma que a morte não ocorreu no perímetro do evento.

Na região da Luz, onde ocorreu a festa Calefação Tropicaos, e no palco Rio Branco, que às 5h recebeu a banda cearense Cidadão Instigado, o público teve de dividir espaço com fluxos da cracolândia, algo que piorou nesta edição.


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