Folha de S. Paulo


Ocupações contra o fim do MinC persistem para pedir a saída de Temer

Mesmo após o anúncio da recriação do Ministério da Cultura pelo governo presidente interino, Michel Temer, as ocupações de prédios públicos por todo o país contra extinção do MinC persistem. Muitos manifestantes ainda pedem a saída de Temer.

Em Salvador, os manifestantes que ocupam a Fundação Palmares, no Pelourinho, devem se manter mobilizados na defesa do afastamento ou renúncia do presidente interino.

"Ainda não discutimos, mas nossa ideia é manter a mobilização. O 'Fora Temer' é a principal pauta que nos une, já que não reconhecemos este governo", diz Caio Teixeira, membro da comissão de comunicação da ocupação em Salvador.

A ocupação segue com protestos e manifestações culturais. Neste sábado (21), a agenda prevê aulas de dança, presentação de um grupo de maracatu, show do músico Leitieres Leite e exibição de filmes.

No Palácio Capanema, no centro do Rio, ocupado desde a última segunda-feira (16), o anúncio da volta do MinC foi recebido com indiferença.

Mesmo diante do recuo do presidente interino, os manifestantes afirmam que pretendem permanecer dentro do prédio onde funcionam as sedes do Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Nacional) e da Funarte (Fundação Nacional de Artes).

O grupo alega que o governo atual não tem legitimidade e se nega a estabelecer qualquer tipo de negociação com a atual gestão federal.

"É claro que a recriação do MinC é positiva, porque os projetos que estão em andamento não serão paralisados. Mas o MinC não é de um governo, e sim uma conquista do Estado brasileiro", disse Rodrigo Séllos, 31, cineasta que participa desde o início da ocupação no Capanema.

Em Belo Horizonte, os manifestantes farão uma assembleia neste domingo (22) para decidir se mantêm ou não a ocupação do prédio da Funarte.

Já o grupo que ocupa a Funarte em São Paulo não tem previsão de desocupar o imóvel, já que, afirma, não reconhece o governo Temer. Também diz que a pauta da ocupação não diz respeito somente à cultura. A Folha não teve acesso ao local, já que os manifestante não permitem a entrada de grandes veículos de comunicação.

Em Aracaju, os manifestantes se reuniram na manhã deste sábado e decidiram manter a ocupação do Iphan. Eles afirmam que esperam novas resoluções sobre o futuro do MinC para determinar se deixam ou não o imóvel.

O Iphan de Curitiba também segue ocupado. Em sua página no Facebook, os manifestantes afirmam que o "recuo de Temer é uma vitória", mas dizem não reconhecer o governo do presidente interino e que a pauta do grupo vai além do retorno do Ministério da Cultura: "Não é só pelo MinC, é pela democracia, é pelos programas sociais, é pelos nossos direitos!", escreveu o grupo.


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