Folha de S. Paulo


Show da sacada do palacete Tereza tem gritos de 'Fora, Temer' durante Virada

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Um dos primeiros shows a abrir, na noite desta sexta (20), o "happy hour" da Virada Cultural, a apresentação de Ná Ozzetti, Dante Ozzetti e Marcelo Pretto reuniu cerca de 300 pessoas na esquina das ruas Direita e Quintino de Bocaiúva, no centro.

Diferentemente das edições anteriores, o evento adiantou o início de sua programação em um dia com uma espécie de "esquenta": das 18h às 23h, rodas de samba, apresentações de jazz, hip-hop e festas de música eletrônica serão realizadas no perímetro entre a avenida Ipiranga e a praça da Sé.

Debaixo da sacada do palacete Tereza Toledo Lara, a nova sede da Casa de Francisca, um público família, até com bebês de colo, acompanhava o samba balançando de um lado para o outro e cantando junto, indiferentes ao frio ameno. O fato de não ter chovido, nem mesmo garoado, ajudou. A paz também reinou por ali, sendo o maior perigo talvez o de ser atingido por um drone carregando bugigangas coloridas que algum ambulante exibia ou o torcicolo de olhar para cima, já que os artistas cantavam na sacada.

Dava a sensação de estar num boteco do samba, mas os artistas, tal qual Evita Perón ou Maria Antonieta, pairavam acima do público, deixando só entrever o luxo do palacete recém-restaurado atrás deles.

A cantora dedicou a música "Vão", parceria de Luiz Tatit e Dante Ozzetti, a " todas as ocupações que estão acontecendo neste momento contra o fim do MinC [Ministério da Cultura] e dos secundaristas também". "Percebi que nesse momento o público ficou muito atento. Esse é um momento em que grandes ocupações estão tomando conta do país", disse Ná Ozzetti.

Depois da apresentação do trio, Siba e Alessandra Leão tomaram a varanda da Casa de Francisca com um maracatu acelerado, que incendiou a plateia, quebrando o clima de botequim que reinava até então.

Aos pés do palacete Tereza Toledo Lara, mendigos e arrumadinhos dançavam e cantavam juntos entre os ambulantes, que esperavam encher o largo da Misericórdia, no centro de São Paulo. Siba encerrou o show dizendo que a "saída é sempre pela esquerda". O público respondeu com um sonoro "fora, Temer".

O grito se repetiu na plateia enquanto ocorria show de artistas como Juçara Marçal e Kiko Dinucci, que emendou: "Não só ele, como todos os outros. Fascistas não passarão. Marco Feliciano, vai tomar no cu".

Veja a programação da Virada Cultural

Por volta das 18h, a passagem de som da banda carioca de rock Autoramas já servia de trilha sonora para o vaivém que se intensificava ao fim do horário comercial na região do centro. Após o início da apresentação, poucos minutos depois, cerca de cem pessoas assistiam ao show no palco do largo do Paissandu, em frente à Galeria do Rock.

O frio da tarde desta sexta-feira diminuiu enquanto o grupo se apresentava. O engenheiro paraense Eduardo Virgolino, 26, que mora em São Paulo há seis anos e frequenta a Virada Cultural há quatro, diz que se mantém fiel ao evento independentemente da temperatura. "[Na edição do] ano passado estava frio, mas estava cheio."

Já Débora Silva, 28, diz que, "se precisar, a gente esquenta com os shows e a bebida". Ela trabalha na avenida Ipiranga, e veio ver a atração junto a uma amiga após o fim do expediente. A estagiária de direito faz parte do público-alvo do "happy hour" criado pela prefeitura, que busca atrair quem deixa o trabalho na região do centro para as atividades na rua.

A auxiliar administrativa Letícia Brito, 22, que foi direto do serviço para a praça Dom José Gaspar assistir ao show do grupo Samba da Vela, afirma que o horário do "esquenta" é um fator positivo. "Aqui no centro tem várias empresas, e o show é no horário do 'happy hour' o que é legal".

No total, 11 atrações compõem o "esquenta": a mostra audiovisual itinerante "Laço", a festa de dub e reggae Dubversão, a roda de samba Samba da Vela, o festival de rua Garageira, a apresentação do grupo de compositores Berço do Samba de São Mateus e a festa de "twerk" Batekoo.

Completam a programação do dia as apresentações do cantor João Borba e dos artistas da Casa de Francisca, o projeto Jazz na Kombi, o encontro dos DJs Hum, Febas e Dindo Picadinha, além de shows no Estúdio Lâmina.

Já a parte principal da programação da Virada ocorre a partir das 18h deste sábado (21), com show do cantor Ney Matogrosso no palco montado na praça Júlio Prestes.


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