Folha de S. Paulo


Produtores aprovam Marcelo Calero e contestam legitimidade da secretaria

Alan Marques/Folhapress
O presidente interino Michel Temer (PMDB) apresenta o novo secretário nacional de Cultura, Marcelo Calero
O presidente interino Michel Temer apresenta o novo secretário nacional de Cultura, Marcelo Calero

Enquanto ao menos cinco capitais têm ocupações em prédios públicos contra a extinção do Ministério da Cultura e o governo interino de Michel Temer (PMDB), o ministro Mendonça Filho (Educação e Cultura) anunciou na quarta (18) o nome para a Secretaria Nacional de Cultura: Marcelo Calero, atual secretário municipal de Cultura do Rio.

Personalidades do setor têm opiniões divididas sobre o assunto —não sobre a escolha do nome para chefiar a secretaria de Cultura, mas sobre a legitimidade da área em si.

Uma das integrantes do grupo de artistas que se reuniram na segunda (16) em ato de resistência contra o fim do MinC, a produtora Paula Lavigne diz não reconhecer a nomeação. "Não por causa de Marcelo, pessoalmente, mas porque não reconhecemos a Secretaria Nacional de Cultura", diz. "Queremos a volta do MinC."

Eduardo Barata, diretor da Associação dos Produtores de Teatro do Rio e personalidade que liderou a reunião de segunda, acredita que o secretário do Rio é um bom nome. "Ele demonstrou ser um cara do diálogo, sensível a produção cultural do Rio de Janeiro. Descentralizou as políticas que estavam na Zona Sul. Não o considero um golpista, um autoritário, mas os movimentos vão continuar."

Entretanto, Barata contesta a existência da secretaria dentro da estrutura do MEC. "A boa receptividade que Marcelo Calero tem no nosso setor não desmobiliza o movimento contra a volta do MinC", afirma. "Vamos pressionar o Estado pela preservação das políticas culturais."

Eduardo Saron, diretor do Itaú Cultural, acredita que "o melhor cenário seria a permanência do MinC". "Mas, neste cenário, eu espero que o Marcelo trabalhe com autonomia", diz. "Esse deve ser o mote: trabalhar com autonomia para poder respeitar a diversidade das produções culturais no país."

Saron afirma ainda que Marcelo terá um papel importante para restabelecer um diálogo com todos da cultura, "e o diálogo é uma característica dele". "A compreensão da complexidade da diversidade cultural brasileira e a necessidade de trazer todos para dialogar com ele devem ser a filosofia dele."

Sócios da Aventura Entretenimento, uma das maiores produtoras do país -com projetos como os musicais "Hair", "Rock in Rio" e "Elis, a Musical"-, Aniela Jordan, Fernando Campos e Luiz Calainho ressaltam a importância do peso da pasta e acreditam que a escolha do nome foi acertada: "Marcelo Calero é um homem da cultura e certamente terá a competência necessária para conduzi-la", dizem, em nota.


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