Há um perfume de "Tieta do Agreste" no ponto de partida de "A Vingança Está na Moda". Após anos longe de casa, uma mulher retorna, linda e poderosa, ao fim de mundo onde nasceu para acertar as contas com os responsáveis por sua queda original.
Em vez de Betty Faria ou Sonia Braga, Kate Winslet vive a glamorosa da vez, com figurinos e gestual que fazem referências à longa lista de estrelas que ela reencarna.
No meio da noite ela é abordada por um policial de modos rudes que ao ver seu vestido exclama: "Dior!". Mais que gracejo, trata-se de uma piada interna, já que o guarda é vivido por Hugo Weaving, que se tornou conhecido pelo transformismo em "Priscilla, a Rainha do Deserto".
A diretora australiana Jocelyn Moorhouse adota, assim, o espírito criativo da moda, não faz citações, usa reciclagens.
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Kate Winslet em cena do filme 'A Vingança Está na Moda' |
O retorno de Myrtle tem um problema. A população quer esquecer o que ocorreu e o trauma fez Myrtle apagar a experiência, o fato na infância que culminou com sua acusação pela morte de um garoto.
Enquanto revira as camadas, como limpar a bagunça da casa onde sua mãe se enterrou, Myrtle introduz o conceito de beleza, ausente no lugarejo. Traz sua expertise de alta costura às mulheres dali.
Esta segunda camada rende os momentos divertidos, um verniz de frescura que provoca diversas exclamações. A trama, porém, avança a empurrões, com longos parênteses que tomam rumos distintos e induzem a desatenção.
Do incessante desfile de sofisticados figurinos à figura sedutora de Liam Hemsworh, o filme, como um desfile, se segura com a passagem de belos modelos. Às vezes, isso pode ser divertido. Em outras, torna-se excessivo e entediante. É como a coleção de um estilista criativo demais. A gente vê tudo e não sabe para o que olha. (CÁSSIO STARLING CARLOS)