Folha de S. Paulo


Após críticas e manifestações, Temer discute vincular Cultura à Casa Civil

Alan Marques/Folhapress
Presidente interino Michel Temer se reúne com centrais sindicais para debater propostas de mudanças na Previdência Social, em Brasília
Presidente interino Michel Temer se reúne com centrais sindicais, em Brasília

Diante da polêmica em torno da extinção do Ministério da Cultura e da criação de uma secretaria nacional para a área, o presidente interino Michel Temer estuda agora vincular as atribuições da pasta à Casa Civil e não mais ao Ministério da Educação.

A mudança daria mais status à área, porque o secretário poderia despachar diretamente com o presidente e ministros do Palácio do Planalto.

De acordo com aliados, Temer avalia que a alteração pode mitigar as fortes críticas feitas à extinção do ministério vindas principalmente de artistas, produtores culturais e intelectuais de todo o país.

Para o presidente interino, um recuo neste momento com a recriação do ministério passaria uma sinalização muito ruim à sociedade.

Senadores que estiveram com o peemedebista em reunião na manhã desta terça (17) contaram que Temer explicou a eles que fez apenas um enxugamento de gastos das pasta, com a redução de cargos comissionados, e que não pretende acabar com programas do ministério, como a lei Rouanet, e nem diminuir o orçamento da área.

Segundo os parlamentares, Temer fez o comentário quando o senador Fernando Collor (PTC-AL), contou que, quando foi presidente da República, uma das frentes de briga que abriu com setores da sociedade que mais deram trabalho a ele foi justamente com o setor cultural. O senador recomendou a Temer repensar a estratégia.

O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), também tem pressionado Temer para que ele reveja a questão e apoie a recriação da pasta, que pode ser feita por uma emenda à Medida Provisória enviada ao Congresso na semana passada com a formação de seu novo ministério.

"Ontem [terça] eu propus ao presidente Michel recriar o Ministério da Cultura. Acho que ele é muito relevante para ser reduzido a uma questão contábil, orçamentária. Ele não vai quebrar o Brasil mas a sua extinção quebrará a nação porque colonizam sociedades. Isso não pode significar um retrocesso", afirmou Renan. Ele classificou a pasta como "fundamental e estratégica".

Segundo o peemedebista, Temer "ficou de refletir" e não deu uma resposta definitiva. "O importante é contarmos com a simpatia do presidente para a recriação e contássemos com o apoio do presidente na sanção [da MP]", disse. "Quando a gente erra, precisa errar rapidamente no sentido de corrigir rapidamente o erro", completou.

Para Renan, a possibilidade de vincular a Secretaria Nacional de Cultura à Casa Civil não resolve o problema. "Ele comentou comigo sobre isso mas o emblemático é ter um Ministério da Cultura. O orçamento dele é pouco, não quebra o Brasil", disse.

Temer também tem enfrentado outro problema para encontrar um nome que aceite assumir a secretaria. Nesta semana, quatro mulheres procuradas pelo governo para ocupar o posto recusaram a oferta em sinal de repúdio à extinção do ministério e ao fato de o presidente não ter nomeado nenhuma mulher para o primeiro escalão de seu governo.


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