Folha de S. Paulo


Diretor de 'Oldboy' faz melodrama erótico em 'The Handmaiden'

Em seu novo filme, "The Handmaiden", o diretor sul-coreano Park Chan-wook se mantém radical. Mas não espere tanto extremismo na violência, que marca seus mais conhecidos "Oldboy" (2003) e "Lady Vingança" (2005). Em sua nova produção, ele leva a radicalidade para o erotismo.

Antes de exibir o filme na competição oficial do Festival de Cannes, Park já havia se referido a ele como "suculento". E também como "o que tem mais diálogos em sua carreira".

Narrado em três atos (e diferentes pontos de vista), "The Handmaiden" opera na chave do melodrama: nos anos 1930, uma larápia coreana é forçada a trabalhar como criada de uma rica herdeira japonesa. As duas se condoem uma com a outra e não tarda para que fiquem próximas -próximas demais.

As cenas de sexo lésbico para lá de eróticas fazem do filme coreano quase um "Azul É a Cor Mais Quente" —não tão explícito, mas sugestivo. E sádico: há tortura, há perversão e há incesto.

COMÉDIA ALEMÃ

Também na competição pela Palma de Ouro, o maior prêmio do festival, está "Toni Erdmann", comédia dirigida por umas poucas diretoras mulheres na disputa, a alemã Maren Ade (de "Todos os Outros").

O argumento do filme parece um pouco apegado à fórmula hollywoodiana: uma executiva workaholic, sem atenção para nada que não seja o trabalho, é obrigada a receber a visita do pai, um fanfarrão que leva a vida de forma leve. O embate entre os estilos opostos move o longa.

O absurdo das situações e a interpretação dos dois atores principais, Peter Simonischek e Sandra Hüller, contudo, é o que tira o filme do patamar da mediocridade.

Na sessão de imprensa, o público gargalhou bem mais do que na outra comédia da disputa, a superestimada "Ma Loute", de Bruno Dumont. Numa cena em que a filha (Hüller) é levada a cantar Whitney Houston à capela, o público aplaudiu em cena aberta.

O jornalista GUILHERME GENESTRETI se hospeda a convite do Festival de Cannes.


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