Folha de S. Paulo


'Totalmente Demais' supera trama das 21h na Globo e é esticada em 15 dias

Assim que escreveram o encerramento de "Totalmente Demais", Rosane Svartman e Paulo Halm publicaram no Twitter uma foto da página final do roteiro. Nela, o único –e previsível– spoiler: o de um beijo de último capítulo de novela.

"Se beijam...", diz o texto, sem entregar com quem ficará a protagonista Eliza (papel de Marina Ruy Barbosa): ou Jonatas (Felipe Simas) ou Arthur (Fabio Assunção).

A divulgação do ponto final da trama causou imediatamente um alvoroço no Twitter, com fãs-clubes de ambos pretendentes da mocinha se engajando por seus eleitos.

A ação dos autores é mais um exemplo de como a novela das 19h, a primeira da Globo a ter um capítulo zero feito para ser exibido na internet, dialoga por meio das redes sociais. Tanto que haverá um "spin-off" (trama derivada) do núcleo cômico do folhetim especialmente para a plataforma on-line da emissora.

O sucesso de "Totalmente" não é apenas digital. A história da Cinderela moderna Eliza, garota pobre que ganha um concurso de beleza e se transforma em modelo de sucesso, é atualmente a de maior audiência da Globo, à frente de "Velho Chico", às 21h.

A trama com direção-geral de Luiz Henrique Rios tem registrado mais de 31 pontos no Ibope na Grande SP (cada ponto equivale a 69 mil casas), contra média de 28 de "Velho". No Ibope nacional, "Totalmente" passou de 25, em novembro, para 32 em abril (cada ponto equivale a 684,2 mil domicílios).

Os números impressionam tanto que levaram a Globo a esticar a história por mais duas semanas e a promover seu encerramento em uma segunda-feira (30).

BATER DE FRENTE

A concorrência também teve que se mexer. Ou melhor, ficar parada onde estava.

Prestes a inaugurar um novo horário em sua dramaturgia, o das 19h, a Record adiou a estreia de "Escrava Mãe" para não bater de frente com a novela da Globo.

Os autores de "Totalmente", que já escreveram "Malhação", celebram o bom desempenho. "Estamos muito felizes, mas com as sandálias da humildade", brinca Halm.

Para a dupla, a ambição da novela foi contar bem uma história sem querer inventar nada, nenhuma fórmula.

"É um folhetim sem vergonha de ser folhetim", afirma Halm. "Trabalhamos em cima de um arquétipo clássico, do mito de Pigmaleão, falando de uma menina que sai de baixo e triunfa sem se corromper, se transformando para melhor. Contamos isso de maneira leve, divertida, com personagens gostosos, sem maniqueísmo."

Outro ponto forte da dramaturgia da produção, na visão de Rosane, é mostrar que ninguém é perfeito. "E que todo mundo erra. Isso gera proximidade com as pessoas."

Essa aproximação se dá também na abordagem de temas contemporâneos como assédio, adiamento da maternidade, homofobia e adoção. "A gente queria contar uma boa história, atual, que emocionasse, mas sem partir de nenhum dessas temas. E mostrando o que a sociedade está falando", diz a autora.

Para o diretor Luiz Henrique Rios, essa identificação do público com a contemporaneidade da novela, que abusa de referências do momento, também é um dos motivos de seu sucesso. "Conseguimos algo parecido com o que aconteceu com as empreguetes em 'Cheias de Charme'."

O atual contexto político brasileiro, de acordo com Rios, também contribuiu. "Há uma grande desesperança e as pessoas querem sonhar, ver romance."


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