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Aos 87, Martin Landau faz vítima do nazismo em busca de vingança

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Martin Landau começou a carreira procurando emprego ao lado do melhor amigo, James Dean. Trabalhou ainda com Alfred Hitchcock em "Intriga Internacional" (1959).

Depois, comandou a filial na Costa Oeste do Actors Studio, uma das mais prestigiadas escolas dramáticas dos EUA, e finalmente ganhou um Oscar pelo papel de outro ícone do cinema, Bela Lugosi, em "Ed Wood" (1994), de Tim Burton.

Aos 87 anos e com esse currículo, um dos últimos remanescentes da Era de Ouro de Hollywood poderia estar curtindo a filha e o neto, com quem mora em Los Angeles.

Mas o ator está empolgado com o papel no thriller de vingança "Memórias Secretas", do egípcio radicado canadense Atom Egoyan ("O Doce Amanhã"), que estreia nesta quinta-feira (12) no Brasil.

"Gosto desse filme porque as pessoas podem ver sem essa expectativa toda e sair do cinema surpresas, querendo ver de novo. Não é como esses longas de gibis e tirinhas de jornais", alfineta Landau.

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Christopher Plummer (à esq.) e Martin Landau em cena do filme 'Memórias Secretas'
Christopher Plummer (à esq.) e Martin Landau em cena do filme 'Memórias Secretas'

"Hollywood gasta US$ 150 milhões para fazer filmes sobre nada e sem nenhum ser humano. Não dou a mínima para o Homem-Aranha e coisas assim. São fantasias ambulantes correndo pela tela."

No filme, Landau interpreta um sobrevivente de Auschwitz que ajuda outra vítima do campo de concentração, Zev Guttman (Christopher Plummer), a encontrar o oficial nazista –dado como morto há anos– responsável pela morte da família do personagem.

"Interpretei [o judeu caçador de nazistas] Simon Wiesenthal em 'Max and Helen' e conversei muito com ele. Perguntei quem teria feito esse trabalho se ele nunca o tivesse realizado. A resposta foi: 'Ninguém, por isso que o fiz'", conta o ator.

Landau conta que sentiu o mesmo ao receber o roteiro de "Memórias Secretas". O veterano do cinema achou já estar "velho o suficiente" para interpretar um sobrevivente do Holocausto.

Mas não tão velho a ponto de mudar os métodos de atuação que, como professor, ensinou a astros como Jack Nicholson e Anjelica Huston. "Ninguém nunca me dirigiu", diz Landau. "Hitchock, Tim Burton, Coppola... Nenhum deles. Apenas conversávamos, e eles me deixavam fazer o meu trabalho. Woody Allen nem falava de cinema comigo em 'Crimes e Pecados', só sobre beisebol."

Apesar da idade, Landau continua lúcido, bem humorado e com memória afiada. "Atuar é minha diversão, acho incrível que ainda consiga fazê-lo na minha idade. Perdi muitos amigos, e os que estão vivos não lembram o que comeram no almoço. Acho que tive sorte."


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