Folha de S. Paulo


Colombiano Mateo López coloca esculturas em movimento em SP

Divulgação
"Palm Lines" (2016), desenho sobre papel de Mateo López

É uma questão de tempo e espaço, em especial da forma como o corpo se encaixa neles. Em sua mostra agora na galeria Luisa Strina, o artista colombiano Mateo López desconstrói a ideia de escultura ao mergulhar seus objetos na escuridão, brilhando sob uma luz fraca, quase sombra.

Mesmo estáticas, as coisas ali parecem vibrar com uma energia incomum. Uma máscara dourada, tal qual uma joia, um jarro de argila envolto por uma fita métrica ou desenhos atravessados por hastes de madeira flutuam pendurados do teto ou se equilibram sobre suportes sutis.

Vídeos criados pelo artista mostram muitos desses mesmos objetos nas mãos de bailarinos ou como peças num cenário atravessado por danças mais ou menos espontâneas. "Imaginei que esses objetos estivessem se desenvolvendo ainda, por isso eles se movem no espaço, como um elemento de performance", diz López. "É uma coreografia íntima que se reflete neles."

No caso, a coreografia de seu ateliê em Nova York, onde vive. López, que sempre aludiu à matriz geométrica das vanguardas latino-americanas, aqui dá um passo além, na tentativa de enquadrar também a dimensão carnal da presença do corpo nessas abstrações de ângulos e medidas.

Daí os compassos, fitas métricas, réguas e instrumentos de desenho que surgem com frequência em sua obra.

"Minha maneira de desenhar é muito estrutural, racional", diz López. "Mas tento romper com a racionalidade da forma e vincular as obras a elementos orgânicos."

Mais rígido dos instrumentos de medida, o relógio também é desconstruído no terraço da galeria, com ponteiros e números metálicos espalhados pelo chão. No fundo, López se esforça para tornar mais elástica –talvez dócil– a fúria do tempo e da vida.

MATEO LÓPEZ
QUANDO de seg. a sex., 10h às 19h; sáb., 10h às 17h; até 21/5
ONDE Luisa Strina, r. Pe. João Manuel, 755, tel. (11) 3088-2471
QUANTO grátis


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