Folha de S. Paulo


Moda praia e masculina dão novo fôlego à semana de desfiles de SP

O quarto dia de desfiles desta São Paulo Fashion Week foi da moda praia e da moda para rapazes. Salinas, Amir Slama e Água de Coco mostraram a importância do "beachwear" brasileiro na Bienal do Ibirapuera, onde ocorrem os desfiles, e os estilistas João Pimenta e o estreante Murilo Lomas, como se faz roupa para todo tipo de homem.

Com um time de tops que incluía Carol Ribeiro e Isabelo Fontana, a cearense Liana Thomaz analisou a Amazônia brasileira por meio de imagens bordadas de tucanos, araras e folhagens.

Uma estrutura que simulava uma oca indígena foi montada na passarela, de onde saíam maiôs e biquínis feitos de algodão orgânico estruturado. As peças da Água de Coco foram construídas com bastante brilho e fios de seda, prontas para balneários badalados.

Tão badalados quanto a Miami da grife Salinas, que explodiu cores fluorescentes nas peças um tanto comportadas demais.

Não há formas inusitadas na moda desfilada pela estilista Jacqueline De Biase, mas sim um trabalho de tons neon aplicados em grafismos art decó típicos da Flórida.

O hip-hop, a atual música popular americana, surgiu nos capuzes e nas jaquetas enormes que compunham a coleção. Estrelas enormes, tiradas da bandeira americana, contrastavam com o verde e amarelo da passarela.

A reestreia de Amir Slama no evento, foi aplaudida. A marca homônima do ex-dono da Rosa Chá vestiu modelos com biquínis e maiôs decorados com franjas de miçangas e ráfia.

Para os meninos há tangas cavadas em preto e branco e detalhes como amarrações e telas. O toque de ousadia sempre foi a marca do estilista, um dos primeiros a ter levado a moda praia brasileira às vitrines da Europa e dos Estados Unidos.

Esse "beachwear" divertido e solar é o cartão de visitas da moda brasileira no exterior e é uma das vertentes do vestuário nacional com maior potencial de venda.

Foi mirando a moda descomplicada e feita para vender que o arquiteto Murilo Lomas desfilou pela primeira vez na passarela da São Paulo Fashion Week. Sua recém-criada marca homônima é uma bem-vinda surpresa num calendário tomado por grifes femininas.

Lomas diz fazer "uma moda despretensiosa". Suas viagens pelo mundo foram o ponto de partida para a coleção cheia de tecidos práticos como linho, náilon e algodão, que, segundo ele, "cabem muito bem numa mala de viagem".

A ajuda do diretor de imagem Luís Fiod ajudou na harmonia entre alfaiataria e peças relaxadas como jaquetas de "motocross" e moletons leves.

Fiod também abriu a agenda e ajudou a trazer tops masculinos como os modelos Marlon Teixeira e Evandro Soldati, alguns dos mais disputados no mercado internacional.

Nem um pouco disputado foi o "casting" de modelos do estilista João Pimenta, que escolheu novos rostos dispostos a aceitar o desafio de raspar os cabelos e desenhar no couro cabeludo linhas geométricas de inspiração punk.

O movimento inconformista deu o tom da passarela do estilista, que desconstruiu toda a indumentária militar para mesclá-la a referências anárquicas. Há insígnias e ombros decorados misturados a saias, no limite entre os gêneros feminino e masculino.

A tendência "sem-gênero" que hoje é uma constante entre as marcas internacionais sempre foi uma das bases da moda apimentada do estilista. Desta vez, ele ainda adiciona peças feitas com o algodão colorido colhido na Paraíba pela marca Natural Cotton Color.

O aspecto envelhecido conferido pelos tons terrosos desse algodão se contrapõe às cores acesas e às listras bicolores usadas em alguns looks.


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