Folha de S. Paulo


Após uma década, cinema de Oscar Niemeyer em Niterói é retomado

Dez anos após a conclusão das obras, o Museu do Cinema, projeto do arquiteto Oscar Niemeyer em Niterói (RJ), caminha para finalmente abrir as portas ao público. A expectativa é abrir ainda no primeiro semestre.

Construído de forma a lembrar um rolo de filme, o edifício faz parte do Caminho Niemeyer –o segundo maior conjunto de obras do arquiteto morto em 2012 e atração turística da cidade na região metropolitana do Rio.

As obras da parte externa do edifício foram concluídas em 2006, mas, desde então, ele só foi usado parcialmente uma vez, em 2014, para um encontro de arte e cultura LGBT.

À época, a obra foi financiada pela Petrobras, por meio da Lei Rouanet, e custou R$ 12,3 milhões –R$ 6,3 milhões em recursos próprios da BR Distribuidora e R$ 6 milhões via isenção fiscal.

Já as obras em curso, na parte interna do museu, fazem parte de um investimento de R$ 12 milhões da empresa Reserva Cultural, que pretende transformar o local em um espaço múltiplo com cinemas, lojas e restaurante, nos moldes de seu empreendimento na avenida Paulista, em São Paulo.

"Estamos indo com a mesma filosofia do projeto paulistano. A obra será um pouco diferente, já que o espaço é maior, mas a alma será a mesma", disse à Folha Jean Thomas Bernardini, proprietário da Reserva Cultural e da distribuidora Imovision.

O projeto prevê cinco salas de exibição, com capacidade total para 700 espectadores, um bistrô e uma bombonière operados pela Reserva, além de empreendimentos de terceiros, que Bernardini não quis antecipar, alegando ainda estar em negociações.

O foco, como em São Paulo, são filmes independentes, principalmente não americanos, que não frequentam a grade das grandes redes de cinemas.

"Niterói já foi, talvez, a cidade mais cinéfila do Brasil. Como distribuidor, nunca deixei de passar filmes lá", conta Bernardini. "Mas os cinemas de rua foram fechando, como ocorreu em todo o país, e esse grande público ficou sem opções", completa.

Ele diz que corre para inaugurar o espaço no fim de junho, em uma grande cerimônia com a presença de atores e diretores nacionais e estrangeiros.

"Queremos mostrar essa obra de Niemeyer para o mundo", afirma o empresário.

ABANDONO

A Reserva Cultural venceu a licitação para o uso do espaço em dezembro de 2014, mas levou quase um ano para adequar o projeto de ocupação do edifício às exigências do Corpo de Bombeiros.

O local passou por duas gestões municipais –Godofredo Pinto (PT) e Jorge Roberto da Silveira (PDT)– praticamente abandonado.

A Petrobras diz que o contrato de patrocínio prevê, como contrapartida, apenas os "naming rights" (o local se chamará Centro Petrobras de Cinema) e não respondeu se havia penalidades pela falta de uso do espaço.

A prefeitura de Niterói afirmou que a ideia é manter em parte do espaço seu projeto original, de um centro de debates sobre a sétima arte.

Há projetos para a construção de um auditório multiúso, onde serão realizados festivais de cinema, e de um museu focado no cinema documental brasileiro, além de um núcleo de produção em parceria com a vizinha UFF (Universidade Federal Fluminense).

"As pessoas poderão ver os principais documentários, história dos atores e diretores, os períodos da história do cinema brasileiro, tudo na tela. Poderão até simular participações virtuais nos filmes", disse o presidente da Fundação de Arte de Niterói, André Diniz.


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