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'É muita minoria para tanto sucesso', brinca Ana sobre dupla com Seu Jorge

Bruno Poletti/Folhapress
SAO PAULO, SP, 02.04.2016: - Show de Ana Carolina e Seu Jorge no Citbank Hall. (Foto: Bruno Poletti/Folhapress, FSP-ILUSTRADA) ***EXCLUSIVO FOLHA***
Seu Jorge e Ana Carolina na estreia da turnê conjunta, em São Paulo

Ana Carolina, 41, já tinha deslanchado quando em 2005 um projeto no Tom Brasil a colocou no mesmo palco que Seu Jorge, 45, que ficava "alugadão" com a ideia de se tornar um artista popular.

O encontro despretensioso rendeu CD e DVD (300 mil e 100 mil cópias vendidas, respectivamente) e colocou "É Isso Aí", versão que a cantora criou de "The Blower's Daughter", de Damien Rice, nas paradas de sucesso. Apesar do êxito, é a primeira vez em 11 anos que eles voltam a se encontrar em uma turnê por 20 capitais brasileiras, iniciada na sexta (1º).

Nos próximos dias 8 e 9, eles se apresentam no Rio.

ENTRE TAPAS E BEIJOS

A dupla de ocasião reconhece os atritos na parceria, mas garante que não foram divergências artísticas —tampouco pessoais, são amigos íntimos— que retardaram o reencontro. "Chico [Buarque] fala que entre parceiros não pode haver formalidades. É contraproducente", diz Seu Jorge.

Ele, que também é ator e empresário, atribui a Ana Carolina sua ascensão. "A primeira vez que ouvi 'É Isso Aí', falei 'pô, não sou um cantor romântico'. Mas ela [Ana] insistiu que estava foda e disse 'acredita, cara. Não fica com vergonha, não'", conta.

"Quando subimos ao palco pela primeira vez, essa frase veio à minha cabeça. Acabei me tornando conhecido no Brasil por aquela apresentação".

"A gente é muito minoria para ter tanto sucesso, Jorge", retribui Ana. No show de estreia da turnê, ela disse que a parceria entre ambos é "uma filha de preto com gay muito bem-sucedida".

Ana e Jorge têm canções com críticas sociais, mas assim como ocorreu em São Paulo, o show no Rio deve ser dançante e descontraído. "As pessoas estão querendo se livrar desses problemas todos que estão acontecendo no país. Querem cantar o amor e a alegria, não dá para privá-las disso", diz o cantor.

Ele afirma que dificilmente Dilma Rousseff se sustentará na Presidência, mas não defende o impeachment.

Ana tem um discurso mais otimista: "Prefiro acreditar que vamos reverter a atual situação."

Na apresentação do final de semana, eles elencaram fatos históricos que aconteceram durante os últimos 11 anos. Sem emitir opinião política, ela citou a eleição da primeira presidente mulher no Brasil. Seu Jorge, que vive com a família em Los Angeles, mencionou Barack Obama.

NOVA PEGADA

Embora deva sofrer mudanças nos próximos meses, o show segue a linha eletrônica presente no último trabalho de Ana Carolina, o disco #AC.

Lembrada pelas baladas que marcaram sua carreira, ela tem transitado entre o samba e a música eletrônica. "No início, relutava, mas hoje aceito fazer uma canção pop, palatável. É o desejo de experimentar que me faz respirar na música", diz.

A turnê com Seu Jorge deve virar um novo registro em DVD e já tem movimentado o estúdio de gravação que a cantora tem em sua casa, na capital fluminense. Os dois trabalham em músicas inéditas para o projeto, que foi lançado com "Mais Uma Vez (Nós Dois)".

Ana, que tem o costume de se apresentar com ternos pretos, brinca que os fãs não vão reconhecê-la no clipe de reencontro, no qual aparece de branco.

Seu Jorge conta que desistiu de trocar de figurino durante as apresentações ao lado da colega basicona. "Parei, eu estava parecendo uma Barbie", diz ele, que alternou três trajes no último show.

Mais Uma Vez (Nós Dois) - Ana Carolina e Seu Jorge


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