Folha de S. Paulo


Ashton Kutcher estreia série da Netflix sobre trintões fracassados

Nem todo conservador americano é um Donald Trump em potencial, com ideias tão controversas quanto construir um muro entre os EUA e o México para bloquear a imigração.

"A maioria dos conservadores trabalha duro, quer uma chance de manter o negócio de suas famílias vivo, defende o mercado livre. Não são completamente insanos", disse o ator Danny Masterson.

Ele é um dos protagonistas de "The Ranch", série cômica da Netflix que estreia na sexta (1º) com a proposta de, segundo o ator, abrir "a caixa preta que é essa parte dos EUA para o mundo". "As pessoas pensam dos conservadores: 'Vocês são mesmo tão loucos assim?'. Não, eles só são mal representados. A mídia adora destacar o extremismo".

Divulgação/Netflix
Danny Masterson e Ashton Kutcher (no centro) em cena da serie
Danny Masterson e Ashton Kutcher (no centro) em cena da série "The Ranch"

VOLTA AOS PAIS

Masterson interpreta Rooster, trintão que nunca saiu de casa. É irmão de Colt (Ashton Kutcher), jogador de futebol americano na segunda divisão que, aos 34 anos e sem perspectivas no esporte, volta a morar com os pais em um rancho no interior do Colorado.

"Quisemos fazer algo diferente do que é explorado na maioria das 'sitcons'. Esta é sobre o relacionamento adulto entre pais e filhos. Segue uma tendência real no mundo, de filhos que voltam para a casa dos pais porque falharam em cumprir seus objetivos", comenta Kutcher.

Ele se encarrega, então, de trabalhar para a sobrevivência dos negócios da família, superando a decepção que causou ao pai pelo fracasso no esporte. Republicano, o patriarca Beau (Sam Elliott) recebe o atleta de volta com "felicidade" semelhante à de quando ficou sabendo que Obama tinha sido eleito, brinca Colt logo no primeiro episódio.

Masterson e Kutcher falaram à Folha em um evento que reuniu diversos jornalistas latino-americanos na Argentina há uma semana.

TRADICIONAL

"The Ranch" marca uma espécie de retorno para os próprios Masterson e Kutcher. Ambos ganharam projeção interpretando adolescentes que viviam em um subúrbio na série "That 70's Show", produzida pela Fox entre 1998 e 2006 e exibida no Brasil pela Band, na TV aberta.

Jim Patterson e Don Reo, produtores executivos de "The Ranch" são os mesmos de "Two and a Half Men", transmitida no país pelo SBT. Eles criaram uma história ambientada em um ambiente doméstico, com risadas pré-gravadas para demarcar o fim de cada piada.

A duração dos episódios (cerca de 30 minutos) e o ritmo seriado, com desfechos que não despertam a vontade imediata de ver a temporada inteira de uma tacada só, estão mais para as tradicionais "sitcoms" da TV regular do que para as histórias da era do streaming, pensadas como um filme de 13 horas de duração.

Falar sobre um rancho familiar parece uma maneira da empresa tentar agradar o o público conservador também no que diz respeito às preferência de entretenimento: aquele ainda habituado a produções menos ousadas, como as exibidas pela TV regular.

"The Ranch" estreia pouco mais de um mês depois da Netflix lançar sua nova versão para "Fuller House", clássico dos anos 1990 com as gêmeas Olsen traduzido para "Três é Demais", no SBT.

Há ainda no rancho, segundo Ashton Kutcher, uma defesa da resistência econômica: "A série é também sobre manter vivo um negócio de família, construído por gerações, em uma época em que tudo no mundo é devorado por grandes corporações".

A jornalista GABRIELA SÁ PESSOA viajou a convite da Netflix

NA TV
The Ranch
QUANDO estreia sexta (1º/4), na Netflix


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