É num futuro distópico que se explicam os "gagas", "galileos" e "scaramouches" do Queen. "We Will Rock", musical inspirado na banda inglesa, não conta a história do grupo, mas usa suas composições para falar de um tempo distante e sombrio.
O musical do West End londrino foi escrito pelo inglês Ben Elton em parceria com dois membros do Queen: Brian May e Roger Taylor. Estreou em Londres em 2002, e a franquia chega agora ao Brasil, com estreia nesta quinta (24), inaugurando o Teatro Santanter.
A trama começa 300 anos anos no futuro. O Planeta Terra é agora dominado por uma companhia chamada Global Soft, onde todos vivem dominados pela internet Gaga.
Logo na abertura, explica-se que a música e o sucesso tornaram-se efêmeros, impulsionados por reality shows musicais: "A Global Soft criou supercomputadores, fazendo com que jovens fizessem uploads de suas almas", conta o antigo bibliotecário Toca (papel de Rodrigo Miallaret).
Para manter todos sob domínio, a Global Soft precisa evitar que se descubra o rock. "Os jovens nunca poderão conhecer o rock. Os Boêmios nunca vão encontrar a rapsódia", esbraveja em cena Fred Silveira, que interpreta Khashoggi, um funcionário da empresa comandada por Killer Queen (Andrezza Massei).
Mas um grupo de revolucionários, os Boêmios, tenta reverter a situação. Eles são liderados por Galileo (Alírio Netto), jovem que ouve sons estranhos, e pela roqueira Scaramouche (Livia Dabarian).
"É um cenário em que a música orgânica, de instrumento, foi banida, tudo ficou computadorizado", comenta Alírio, fã do Queen desde a infância -"comecei a cantar por causa deles".
Lenise Pinheiro/Folhapress | ||
Lívia Dabarian e Fred Silveira, em cena no musical |
'ROCKICAL'
May e Taylor não quiseram fazer um musical tradicional, diz o coreógrafo inglês Philip Comley, na produção da peça desde 2009. "Eles queriam levar um clima de show de rock a um cenário teatral. Então há uma proximidade grande entre os atores e a plateia."
É o que o diretor da montagem, o alemão Uwe Petersen, chama de "rockical". "O fim do musical é um grande show", conta o encenador.
Para tanto, diz Petersen, buscou-se na história um pouco do "humor que o rock'n'roll também tem".
Segundo ele, nas montagens que acompanhou na Europa (Alemanha, Suíça e Áustria), fãs chegavam a caráter, com camisetas e acessórios da banda. "Quando estreamos na Alemanha, a plateia estava lotada de cinquentões com camisas do Queen entoando 'We Are the Champions'."
Ainda assim, não há quem represente a banda em cena. Mas são feitas referências a seus membros, em especial ao vocalista Freddie Mercury (1946-91), com sua personalidade extravagante reproduzida em figurinos e gestos.
As músicas não são traduzidas, porém têm alterações nas letras para contar a história -para falar do domínio da Global Sof, por exemplo, o refrão de "Radio Gaga" virou "all we hear is Internet Gaga".
"Temos experiência em outros países, e as pessoas achavam muito estranho de repente ouvir as músicas do Queen em suas línguas", afirma Petersen. "Achamos melhor ter legendas, para que as pessoas também pudessem cantar com a gente."
WE WILL ROCK YOU
QUANDO qui. e sex., às 21h, sáb., às 17h e às 21h, e dom., às 16h e às 20h
ONDE Teatro Santander, av. Pres. Juscelino Kubitschek, 2.041, tel. (11) 4003-1022
QUANTO R$ 80 a R$ 300
CLASSIFICAÇÃO livre