Folha de S. Paulo


Discografia de George Martin inclui os temas de James Bond de maior sucesso

George Martin não encontraria terreno mais fértil para semear sua criatividade musical do que os Beatles. Mas o produtor conseguiu deixar ser legado também sem ajuda do quarteto.

Na década de 1950, Martin saiu dos estúdios com vários singles que subiram nas paradas. Antes da fase de afirmação dos álbuns no mercado, os compactos simples guiavam a indústria e o produtor fez uma lista de artistas alcançarem seus três minutos de fama, como Edna Savage e Mandy Miller.

Niurka Barroso - 30.out.2002/AFP
(FILES) This file photo taken on October 30, 2002 shows George Martin, known as the
O produtor musical George Martin, conhecido como o 'quinto Beatle', trabalhou em temas para 007

Nesse período, Martin mostrou habilidade para levar cantores líricos a gravarem discos populares e também arrancar bons desempenhos vocais de atores que se arriscavam na música, como Peter Ustinov e Peter Sellers.

A associação com os Beatles, além de ser uma via de mão dupla de influências, serviu para dar poder e independência no mercado fonográfico. Em 1965, ele criou a Associação dos Produtores Independentes. Até então, os produtores eram empregados das gravadoras com salário fixo.

Com o respaldo da entidade, esses profissionais passaram a assinar contratos de trabalho diretamente com os agentes dos artistas, o que permitia a eles gravar com quem tivessem mais afinidade e ganhar direitos autorais.

Martin produziu os dois temas de filmes de James Bond de maior sucesso comercial em toda a série: "Goldfinger", de "007 Contra Goldfinger" (1964), cantada por Shirley Bassey, e "Live and Let Die", de "Com 007 Viva e Deixe Morrer" (1973), com Paul McCartney.

Nos anos pós-Beatles, Martin não era capaz de atender a todos os convites que recebia. Teve uma parceria frutífera com o grupo America, produzindo quatro álbuns dessa banda entre 1974 e 1977. Graças ao inglês, a banda de soft rock ganhou seu verbete nas enciclopédias musicais.

A amigos, Martin confessava sua admiração por seus trabalhos com o guitarra Jeff Beck (os álbuns "Blow By Blow", de 1975, e "Wired", do ano seguinte) e seu desgosto com a produção da trilha sonora do musical "Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band", filme pavoroso de 1978 que contava a história fictícia da banda com Peter Frampton e os Bee Gees no lugar dos Beatles.

Martin não tinha preconceitos. Fez discos com o pop romântico de Neil Sedaka ("A Song", 1977), o hard rock do UFO ("No Place to Run", 1980), o power pop dos americanos do Cheap Trick ("All Shook Up", 1980) e o electro new wave da banda inglesa Ultravox ("Quartet", 1982). Não por acaso, todos esses são discos que vale a pena escutar.

Além de garimpar discos como esses, um boa maneira de conhecer seu trabalho além dos Beatles é o DVD "Produced by George Martin", lançado no Brasil pela Eagle Rock/ST2 em 2012. É um documentário de 90 minutos produzido pela BBC, com mais 50 minutos de extras. Conta a vida de Martin desde garoto e traz imagens raras do produtor nos estúdios.


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