Folha de S. Paulo


análise

Cangaço virou moda com Gaultier, que refez um dos pilares do luxo

Todas as grandes etiquetas de luxo têm como principal fonte de renda o couro.

A imagem do cavaleiro e a estética relacionada à selaria, aliás, estão na base de algumas grifes, como a americana Ralph Lauren e sua logomarca com um jogador de polo.

Essa estética em estado bruto, que no Brasil convencionou-se chamar de "brejeira", recebe contornos coloridos e formatos vistosos nos estúdios de design das marcas estrangeiras para, assim, chegar às vitrines. Tudo se trata de um verniz.

O estilista francês Jean Paul Gaultier, há seis anos, desfilou uma coleção de alta costura inspirada no cangaço que deixou até mesmo os brasileiros boquiabertos.

A estética, facilmente assimilada pelos europeus, era uma releitura das amazonas chiques já criadas pelo estilista, só que ali incrementadas com detalhes incomuns.

O chapéu meia-lua e as tiras de couro nas saias soaram como inovação no hemisfério Norte. E, no Brasil, desde então, o cangaço virou pop.

FAMILIAR

De Florença saem os melhores tecidos curtidos usados nas bolsas e nos acessórios de marcas como Prada, Gucci e Dior, por exemplo.

Lá, famílias inteiras trabalham em casa, numa produção totalmente artesanal que se assemelha à de algumas regiões produtoras do Brasil, como o Rio Grande do Sul.

Como numa sala da grife francesa Hermès, com vista para um jardim suntuoso, onde artesãos produzem selas sob medida. Pedaços de couro alaranjado se confundem na mesa com as planilhas de pedidos que chegam.

Até ganhar as passarelas, a marca começou vendendo selas, ainda hoje seus produtos mais nobres. O que vale para as grifes europeias, na maioria das vezes, é o trabalho preciso e feito à mão executado pelos artesãos fornecedores.


Endereço da página:

Links no texto: