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Criador da Virada Cultural, José Mauro Gnaspini tocará cultura na Olimpíada

Eduardo Knapp/Folhapress
Sao Paulo, SP, Brasil, 06-02-2016 11h04:Retrato de Jose Mauro Gnaspini na av Paulista. Mauro eh o criador da Virada Cultural e sera o coordenador da parte culturas das Olimpiadas(Eduardo Knapp/Folhapress.COTIDIANO). Cod do Fotografo: 0716
O ex-diretor da Virada Cultural José Mauro Gnaspini

Há mais de uma década, o advogado e produtor cultural paulistano José Mauro Gnaspini, 42, começou a tocar um projeto que marcaria São Paulo: a Virada Cultural.

Iniciada em 2005, na gestão do então prefeito José Serra (PSDB), o evento organizado pela Secretaria Municipal de Cultura, na qual Gnaspini trabalhou até este ano, propunha-se a fazer uma programação cultural ininterrupta durante 24 horas em vários pontos da capital paulista.

A ideia vingou, e a Virada agora se prepara para sua 12ª edição, nos dias 21 e 22 de maio, pela primeira vez sem o responsável pela sua criação.

É que Gnaspini decidiu se envolver com um projeto ainda maior: vai coordenar as ações culturais públicas no Rio de Janeiro durante Olimpíada e Paralimpíada de 2016.

"A Virada sempre teve como foco o paulistano; quero fazer com que a Olimpíada se concentre no carioca", diz ele à Folha. Gnaspini ocupa hoje o cargo de assessor na diretoria de serviços da APO (Autoridade Pública Olímpica), instituição formada em 2011 e que une os poderes públicos federal, estadual e municipal.

Na prática, o paulistano atua como coordenador da área cultural, junto a uma equipe de quatro pessoas para levar às ruas e prédios públicos do Rio uma espécie de "Virada Olímpica".

"Claro que não vai ser igual à de São Paulo, até porque não é um dia só. Mas eu sou um cara da madrugada, então já estou pensando em ter programação mais tarde", diz ele. "Acabou o show principal, mais careta, eu quero que o cara tenha para onde ir."

Os eventos promovidos pela APO serão paralelos aos do Rio 2016, subordinado à organização da Olimpíada e que conta com seu próprio programa de cultura, o Celebra. É um pré-requisito, segundo a Carta Olímpica, que o comitê organizador promova atividades culturais durante o período de atividade da Vila Olímpica, a partir do fim de julho.

As atividades públicas coordenadas pela APO, segundo Gnaspini, devem incluir apresentações de folclore brasileiro e também pontos de gastronomia inspirados no "Chefs na Rua" da Virada Cultural, iniciativa introduzida na festa em 2012.

Como no evento paulistano, Gnaspini prevê que a programação seja pulverizada por diversos pontos do Rio de Janeiro, sem megashows.

O objetivo, diz ele, é, "de mil em mil [pessoas], juntar 1 milhão". "Acho que a minha experiência com a ocupação do espaço público foi decisiva [para me chamarem]", afirma. O desafio logístico dessa vez, claro, será evitar que as atrações entrem em conflito tanto com os eventos do Celebra como com as competições.

"A Virada era complexa, mas aqui o desafio será maior. Vai ter que ter um diálogo, porque muitas coisas na cidade terão que ser fechadas, muitas rotas alteradas por causa das competições", diz.

Apesar de estar baseado em terras cariocas desde o começo do ano, ele garante que não estará totalmente ausente da festa paulistana de 2016.

Gnaspini deve participar da comissão curadora, mais voltada à parte artística e menos à organizacional.

"Quando a gente começou a Virada, a cidade era muito fechada, era preciso coordenar, regulamentar, fazer as autoridades trabalharem juntas", afirma. "Agora que o evento está consolidado, esse meu papel executivo já não é mais tão necessário."

Mesmo assim, diz que em 2017 deve estar de volta à capital paulista: "Minha identificação com São Paulo é muito forte, tenho muita saudade".


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