Folha de S. Paulo


'Ligações Perigosas', da Globo, estreia com 'Conselho Tutelar', da Record

Caiuá Franco/TV Globo
Alice Wegmann e Jesuíta Barbosa em 'Ligações Perigosas', da Globo
Alice Wegmann e Jesuíta Barbosa em 'Ligações Perigosas', da Globo

Duas minisséries estreiam na TV aberta nesta primeira segunda-feira do ano (4).

Às 22h24, a Globo coloca no ar o primeiro dos dez episódios de "Ligações Perigosas", sua grande aposta na dramaturgia para o início de 2016. Seis minutos depois, às 22h30, a Record exibe a segunda temporada da elogiada "Conselho Tutelar", em cinco capítulos até sexta (8).

Em comum, as produções têm o investimento tecnológico na qualidade da imagem (ambas foram captadas em 4K, que oferece resolução cinematográfica) e diretores experimentados no cinema -em "Ligações", Vinícius Coimbra, de "A Hora e A Vez de Augusto Matraga"; em "Conselho", Rudi Lagemann, de "Anjos do Sol".

Mas as semelhanças param por aí: se "Ligações", com texto de Manuela Dias, aposta numa releitura do romance do francês Choderlos de Laclos para o Brasil dos anos 1920, "Conselho Tutelar", escrita por Mario Borges, conta histórias reais de abandono infantil e violência doméstica, inspiradas nos depoimentos do conselheiro carioca Heber Boscoli.

Michel Angelo/Record
Roberto Bomtempo (esq.) faz o conselheiro Sereno, protagonista da série da Record sobre maus-tratos infantis
Roberto Bomtempo (esq.) faz o conselheiro Sereno, protagonista da série da Record sobre maus-tratos infantis

Requintada, "Ligações" imerge no luxo da aristocracia brasileira em uma cidade litorânea. Na trama, Selton Mello e Patricia Pillar protagonizam um jogo de poder e sedução com a virginal Cecília (Alice Wegmann).

A principal referência visual da série foi o espírito da belle époque captado nas fotos do francês Jacques Henri Lartigue, segundo Coimbra.

"Lartigue representou como essa aristocracia se divertia, especificamente nessa época. E fotografava muito só balneários, me inspirou a levar para o litoral. Pesquisei o tipo de paisagens que ele registrava e achei na Patagônia [Argentina] lugares parecidos com as fotos dele", diz.

Foi de Coimbra a ideia de adaptar o texto de Chordelos de Laclos para a televisão, após rever o longa de mesmo nome de Stephan Frears, lançado em 1988, enquanto fazia a novela "Lado a Lado" (2012). "Propus para a Manuela, ela leu e respondeu: 'Acho que dá'. E a gente encarou."

O diretor conta não ter temido que um texto clássico de sedução, que mais sugere do que indica, pudesse ficar complexo demais para a televisão aberta.

"A TV é uma forma de educar. A gente está levando um conteúdo rico, belo, de qualidade artística alta. De alguma forma, contribui para a educação [do público]", afirma.

Educar a audiência não era algo que Rudi Lagemann conta que almejasse ao embarcar no projeto de "Conselho Tutelar". O agradecimento de conselheiros da vida real, dizendo que havia aumentado o número de denúncias sobre maus-tratos infantis, no entanto, foi uma consequência inevitável após a primeira temporada da minissérie ir ao ar, em dezembro de 2014.

"Claro, tem um papel de relevância social que ultrapassa o entretenimento de diversão. Mas tento, como diretor, equilibrar isso o tempo todo, não quero fazer somente a denúncia, Denúncia a gente faz na política, na sociedade."

Lagemann conta que, a princípio temia que histórias fortes -como a de uma garota que tem as mãos queimadas pelos pais ou um menino de dez anos relegado pelos pais e que tenta se suicidar- recaíssem no dramalhão.

Como escape, investiu em cenas de ação (com conselheiros que encarnam heróis investigadores, algo fora da rotina no mundo real) e nos dramas pessoais do protagonista, Sereno (Roberto Bomtempo).

NA TV
Ligações Perigosas
QUANDO às 22h25, na Globo
Conselho Tutelar
QUANDO às 22h30, na Record


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