Folha de S. Paulo


Jornais não sabiam como noticiar a chegada de 'Star Wars' às telas em 1978

Os dois terços da população brasileira com menos de 40 anos podem até duvidar, mas houve uma época em que a Força, jedis, sabres de luz e Darth Vader faziam parte de uma galáxia completamente desconhecida.

Lançado em 25/5/1977 nos EUA, "Star Wars", de George Lucas, deixou o público brasileiro confuso no longo intervalo até seu lançamento em solo nacional, em 30/1/1978.

A julgar pelo que foi publicado na imprensa daqui, ninguém entendia que filme era esse que explodia em bilheteria lá fora e estava deixando os jovens malucos.

Primeiro, a questão do título: como chamar o filme? Sem conhecer a história e confundido pela ambiguidade do original em inglês, ele foi intitulado "A Guerra das Estrelas", "Guerra da Estrela" e, meu favorito, "Guerra de Estrelas". Apenas a chegada dos pôsteres oficiais coloca fim a questão: era "Guerra nas Estrelas".

Reprodução
Anuncio de lançamento de
Anúncio publicitário de 'Guerra nas Estrelas', publicado na Folha em 30/1/1978

Se chegar a um consenso quanto ao nome já foi difícil, saber sua bilheteria era quase impossível. Repercutiam no Brasil notícias de que, em poucos meses, "Star Wars" já havia superado "Tubarão" (1975), de Steven Spielberg, então com dois anos e meio de exibição nas salas dos EUA.

Bilheteria

Nota na Folha em 26/1/1978 dava US$ 127 milhões para Lucas contra US$ 111 milhões para Spielberg. Meses antes, no entanto, Paulo Francis, jornalista brasileiro radicado em Nova York, informava em coluna de 9/11/1977 cifra ainda maior: US$ 400 milhões.

"Devo ser a única pessoa que conheço que detesta 'Star Wars' (...) e bem que poderiam devolver os meus 4 dólares que paguei de entrada", completava Francis, demonstrando irritação diante da idolatria que se formava ao redor do longa.

"'Guerra nas Estrelas' é mais que um filme. É uma forma de vida", discordava Vincente Camby, em texto do "The New York Times", publicado no "Estado de S. Paulo" em 22/1/1978.

Quando, enfim, entrou em cartaz, as coisas não melhoraram. Em sinopse no "Jornal do Brasil" no dia de estreia, o filme era resumido como uma "superprodução americana de ficção científica, inspirada em Flash Gordon e outras aventuras de quadrinhos e cinema seriado. A história mistura figuras humanas com robôs-computadores, robôs de aparência humana, faculdades extra-sensoriais em uma 'féerie' [gênero teatral com muito efeitos especiais e roteiros fantasiosos] ambientada em outra galáxia."

Enfim, um filme com e sobre robôs.


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