Inaugurada no último dia 25 no Instituto Tomie Ohtake, a exposição "Arte e Ciência – Nós Entre os Extremos" consegue mostrar de forma instigante como as revoluções científicas do último século redefiniram a compreensão humana das escalas cósmicas, do infinitamente pequeno ao infinitamente grande.
Esse é o mote de umas principais obras exibidas na mostra organizada por Paulo Miyada. "Powers of Ten" (potências de dez), vídeo realizado em 1977 pela dupla Charles e Ray Eames, trata de uma viagem pelas diferentes escalas, do humano ao interplanetário, que surgem quando o olhar é ampliado (ou encolhido) por um múltiplo de dez.
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| 'Monumento de Um Dia', de Marcius Galan, no Tomie Ohtake |
Essa sensação de que surgem camadas cada vez mais complexas é reforçada pelas obras de Milton Machado, que fez minúsculos recortes de trabalhos de artistas como Matisse e os acoplou a uma lupa, para que o visitante observe detalhes milimétricos.
A mostra acerta ao chamar a atenção para um aspecto crucial, compartilhado pela arte e pela ciência: a diferença entre percepção e realidade, e a necessidade de usar modelos, inevitavelmente imperfeitos, para entender o mundo.
Assim como o uso da perspectiva na pintura ajuda a sugerir a profundidade que caracteriza a visão tridimensional, a própria visão humana não deixa de tirar partido de truques semelhantes para criar um modelo útil da realidade.
A ausência mais curiosa na mostra é a das ciências biológicas. A ênfase na estrutura física da Terra e do resto do Universo tende a projetar uma aura de esterilidade e solidão cósmicas que conta apenas parte da história revelada pela ciência moderna, que inclui sensibilidade e inteligência nos lugares mais inesperados.
ARTE E CIÊNCIA – NÓS ENTRE OS EXTREMOS 
QUANDO terça a domingo, das 11h às 20h; até 14/2
ONDE Instituto Tomie Ohtake, r. Coropés, 88, tel. (11) 2245-1900
QUANTO grátis
