Folha de S. Paulo


Jolie, agora Pitt, passa por um 'rolo compressor emocional' com Brad

Trailer de "À Beira-Mar"

Enquanto rodavam "À Beira-Mar", Angelina Jolie Pitt, 40, e Brad Pitt, 52, tinham um método para aliviar o clima frequentemente sombrio no set do filme, em que foram um casal –ela, ex-bailarina com depressão; ele, escritor com bloqueio. "Fazíamos piadas sobre como as pessoas nunca mais iriam querer ser nossas vizinhas", disse Jolie, aludindo a como os personagens espionam dois amantes no quarto de hotel ao lado do deles.

"À Beira-Mar" foi escrito, produzido e dirigido por Jolie. O filme representa a primeira vez que ela e Pitt aparecem juntos na tela desde "Sr. e Sra. Smith", de 2005, e que ela adota o nome dele nos créditos. Deixando de lado as armadilhas potenciais envolvidas em dirigir um ator que é seu marido na vida real, o filme encerrou outros riscos.

Ambientado numa tranquila cidadezinha litorânea na França, "À Beira-Mar" é inspirado nos filmes de arte europeus dos anos 1960 e 1970, com seu ritmo pausado, e relata a implosão da relação de um casal americano.

Seus primeiros filmes exigiram muitas pesquisas. Como você se preparou para rodar um drama conjugal ambientado nos anos 1970?

Angelina Jolie Pitt – É um estudo que fiz de algo que eu não compreendia sobre minha própria dor. Foi uma experiência estranhíssima –e algo que acho que não vou fazer com frequência. [Risos] Eu me casei logo antes de fazer o filme. Talvez tenha sido essa minha pesquisa.

Você já estava com Brad havia nove anos, mais ou menos. Oficializar o casamento mudou alguma coisa?

Foi uma coisa gostosa de fazer, só isso. Para mim, o grande momento foi quando assinamos os documentos de adoção de Maddox e Zahara. Foi uma decisão de ser pais juntos, de nos comprometermos a fazer parte da vida um do outro pelo resto da vida. Comparado a isso, o casamento não foi tão íntimo. De certo modo, foi quase casual.

Você disse que não tinha intenção de atuar em "À Beira-Mar". Quando releu o roteiro, como se sentiu ao decidir que você seria a atriz que passaria pelo rolo compressor emocional?

Houve muitas cenas que eu tive vontade de mudar ou cortar. Percebi que seria eu [nua] naquela banheira. Mas falei a mim mesma: "Ignore tudo isso. Você não vai poder mudar ou cortar essa cena porque você fez uma mastectomia, nem porque somos casados e as pessoas vão ficar analisando isso ou aquilo. Isso seria enganação."

Há tão poucas diretoras em Hollywood, que recentemente foi aberta uma investigação federal sobre discriminação de gênero. Mas muitas vezes pareceu que você não queria discutir como é fazer parte de um grupo tão reduzido. Por quê?

Acho que às vezes as pessoas desse ramo focam o fato de você fazer parte de uma minoria. Não quero que digam: "Será que deveríamos arrumar uma diretora mulher?" Quero ouvir: "Vamos arrumar um diretor ou diretora incrível para este filme?". Mas sou a primeira diretora mulher com quem Brad já trabalhou.

Como você acha que foi a primeira experiência de Brad como uma diretora mulher?

Não sou apenas mulher, mas roteirista e diretora, e também somos marido e mulher. Acho que foi duplamente difícil, um pouco incômodo num primeiro momento. Ao mesmo tempo, ele disse mais tarde que se sentiu livre para ser aberto na atuação, porque confiava que eu estava ali para ajudá-lo a fazer o melhor trabalho possível.

Um dos seus filhos, Maddox, trabalhou como assistente geral no filme não exatamente próprio para menores.

Ele ficava nas cenas mais light e engraçadas, mas tínhamos uma regra e em certas cenas ele não podia estar. Me lembro de um dia em que eu estava de robe, com a maquiagem escorrendo pelo rosto, e dei de cara com ele. Ele sacudiu a cabeça, como quem diz "legal, mãe, bacana." Eu cresci no cinema, então até ficaria mais tranquila se nossos filhos não se interessassem por isso. Mas Maddox adorou.


Endereço da página: